| O Estado de S. Paulo |
| 2/6/2006 |
Como não estão conseguindo convencer o eleitor de que o presidente Lula é corrupto, os políticos da oposição começam a forçar nos adjetivos, desta vez focados na política econômica. Mas parece baixa a probabilidade de terem mais sucesso apenas com mudança de assunto. O ex-governador Geraldo Alckmin, por exemplo, na condição de candidato tucano à Presidência da República, vem atacando o governo com argumentos difíceis de colar. Primeiro, saiu dizendo que o presidente Lula está conduzindo uma política econômica retrancada, que apenas combate a inflação, mas esquece o crescimento e a criação de empregos. Como o crescimento econômico do governo Fernando Henrique não foi maior do que o de Lula e como a inflação foi substancialmente mais alta, não dá para confiar na capacidade que esse tipo de argumento tem de fazer prosélitos. De quebra, essas críticas mostram outra fragilidade: o desconhecimento do efeito político causado pela derrubada da inflação. Do ponto de vista estritamente eleitoral, resultados de uma política de ataque à inflação dão resposta mais rápida e mais eficaz do que os da política de melhora do emprego. O que mais impressiona as pessoas mais simples não é o avanço do PIB e seu eventual impacto na criação de empregos, mas o que o salário está conseguindo comprar. Se a inflação recuou de 12,5% ao ano (em 2002 ) para 4,5% ao ano (como tende a ficar em 2006) e se o salário está derretendo muito menos do que derretia antes, a percepção popular é a de que a vida melhorou. É a retribuição a essa melhora de vida que tende a produzir resultados nas urnas. Lula percebeu isso em 1994. A primeira reação dos dirigentes do PT ao Plano Real foi o de pichá-lo como empulhação. Na ocasião, o professor Marco Aurélio Garcia, hoje assessor especial do presidente Lula para Assuntos Internacionais, dizia que o Plano Real não passava de um "Rolex produzido no Paraguai, que não dura dois meses". Mas o povão adorou o Plano Real e votou no tal FHC, então quase um desconhecido, a despeito do discurso do PT de que o Plano Real não passava de "estelionato eleitoral". Mas Lula parece ter aprendido a lição. Seu governo mostra serviço na luta contra a inflação e, em troca, vai colhendo intenções de voto. O presidente Lula teve de escolher entre combater a inflação e estimular surtos de crescimento econômico. Não vacilou, apesar da revolta dentro do PT, que pretendeu uma política desenvolvimentista, mesmo que seu preço fosse um tantinho a mais de inflação. Lula ficou com o lado eleitoralmente certo. Quando bate na política anti-inflacionária do atual governo, a oposição está fazendo o jogo de Lula, como o PT fez em 1994. Talvez porque tenha sentido baixa ressonância dos argumentos anteriores, Alckmin passou a malhar outro aspecto da política econômica. Vem dizendo que o presidente Lula está patrocinando uma "farra cambial". Todos sabemos que o real está excessivamente valorizado e que esta valorização está criando inúmeros problemas para os exportadores e para o agronegócio cuja renda vai derretendo em reais. O problema é que, como acontece também dentro do governo, ninguém dentro do PSDB tem a mais pálida idéia do que fazer para inverter a tendência do dólar. Se derrubar os juros fosse a solução, como o governador Alckmin às vezes insinua, os 4,5 pontos porcentuais de queda dos juros básicos desde setembro do ano passado já teriam mostrado algum efeito sobre as cotações do dólar. E, no entanto, o câmbio só consegue reagir quando aumenta a turbulência externa. Se o movimento de aversão ao risco se acirra, as cotações disparam aqui dentro. Mas, quando a fervura no mercado internacional se põe a baixar, o câmbio volta à rotina. Não dá para insistir nos ataques à "pouca vergonha" porque nem 12 meses de bombardeio de CPIs conseguiram mudar a cabeça do eleitor. E, decididamente, não dá para propor uma política econômica diferente desta que está aí porque a população entende que, mal ou bem, a atual vai dando certo. A oposição precisa melhorar seus argumentos. |
Entrevista:O Estado inteligente
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