Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, abril 12, 2006

VALDO CRUZ Perderam o bonde

FOLHA DE S PAULO

BRASÍLIA -
Aqui e ali, principalmente entre os membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), volta a se falar em abertura de um processo de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A oposição, porém, não parece animada com a idéia. Diz claramente haver, hoje, razões técnicas e legais para defender a abertura de um processo por crime de responsabilidade contra o petista, mas não enxerga o tal de ambiente político.
Na verdade, é bem mais do que a falta de ambiente político que impede a oposição de tomar esse rumo. Agora, às vésperas da eleição presidencial, uma medida como essa pode ter exatamente o efeito contrário.
Um processo de impeachment pode transformar Lula numa vítima. Aí sua popularidade poderá crescer. Afinal, as pesquisas vêm mostrando que seu eleitorado, a despeito de todas as acusações de corrupção e irregularidade, se mantém fiel.
O fato é que a oposição perdeu o bonde do impeachment. Poderia ter ensaiado esse processo lá atrás, no ano passado, quando o marqueteiro Duda Mendonça foi ao Congresso e fez aquela lambança, admitindo caixa dois nas campanhas petistas.
Tem gente na oposição, porém, que, mesmo assim, defende que a OAB leve a cabo a proposta de impeachment. Acredita que ela possa ter utilidade no caso de uma vitória de Lula nas urnas em outubro.
A criação de um processo levaria à abertura de novas investigações sobre a suposta participação de Lula no caso do mensalão e em outros. Bem feitas, acreditam oposicionistas, poderiam levar a uma situação irreversível antes da nova posse de Lula.
Tudo bem, só falta combinar com um personagem estratégico: o presidente da Câmara, Aldo Rebelo. Aliado fiel de Lula, o comunista deve barrar qualquer iniciativa nesse sentido. A não ser que surja uma prova irrefutável, o que ainda não existe.
Não tivesse a oposição trabalhado para derrubar Severino Cavalcanti da presidência da Câmara, a história poderia ser outra.

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