Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 13, 2006

Única saída

EDITORIAL DE O GLOBO


A importância da Varig não se mede apenas pelo transporte de passageiros e de carga. Ao longo de sua história, a empresa acumulou reconhecida experiência na área de manutenção, habilitando-se como uma das seis companhias no mundo a prestar esse tipo de serviço para operadoras de grandes jatos. Pela escola no Rio Grande do Sul e pelos simuladores no Rio de Janeiro passou a maior parte dos pilotos da aviação comercial brasileira.

Por muitos anos, os aviões da Varig foram os únicos a interligar capitais e outras cidades do Norte/Nordeste aos principais centros do país. Graças também à Varig, o Brasil manteve linhas aéreas regulares com toda a América do Sul. Todo esse histórico faz com que os brasileiros tenham carinho especial pela empresa. De fato, no exterior, os aviões e os símbolos da companhia aérea chegaram a representar o Brasil.

Assim, existe uma enorme torcida para que a companhia aérea se recupere e volte a ter a mesma importância de antes. No entanto, a realidade do mercado hoje é muito diferente daquela em que a estrela da Varig brilhou. A concorrência é uma das atuais características da aviação comercial. A atividade ainda é muito regulamentada pelo Estado, mas já houve suficiente abertura para o surgimento de novas companhias, que têm como estratégia o baixo custo e a venda de passagens por preços mais acessíveis a um público que não era usuário do transporte aéreo.

A Varig resistiu a essas mudanças, continuou com uma estrutura pesada e onerosa, não resistindo à crise que abalou várias grandes companhias aéreas do mundo depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A empresa foi a primeira grande companhia a se amparar na nova lei de recuperação de empresas. Para alçar vôo novamente, a Varig precisa de investidores competentes que assumam o controle da empresa dispostos a promover transformações profundas, o que inicialmente pode significar enxugamento de pessoal.

Somente com essa garantia de mudanças é que se poderia pensar em financiamentos de bancos públicos para a Varig. Mas jamais em desviar dinheiro do contribuinte para uma empresa inviável. Já passou esse tempo.

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