Entrevista:O Estado inteligente
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domingo, abril 23, 2006
Miriam Leitão Debate perdido
O GLOBO
O maior perigo que se corre nesta eleição é perder o tempo precioso da campanha sem sequer um debate de substância. O Brasil tem sido o país das oportunidades perdidas. Uma delas, a do excelente momento da economia mundial, que deveria servir para um projeto de remoção de todos os obstáculos ao crescimento sustentado. O pouco que se cresce hoje foi plantado anteriormente. Nada se planta agora para a colheita futura.
O Brasil tem uma coleção de problemas já diagnosticados. Uma burocracia infernal torna a vida de qualquer investidor uma estafante corrida de obstáculos. A logística do país é deplorável: o maior produtor de grãos do mundo sai com sua safra por estradas indigentes consumindo produtividade em cada buraco. A carga tributária veio crescendo a cada governo sem que o cidadão tenha qualquer percepção de melhora dos serviços básicos. A lei orçamentária é uma barafunda, com dinheiro amarrado em cada feudo de gasto, impedindo que o administrador público possa executar seu mandato e o contribuinte, ter visibilidade do que é feito com o dinheiro que ele entrega às autoridades. Os gastos aumentam, a carga tributária sobe, a dívida não cai. É a equação do desastre.
Há muito o que discutir a cada quatro anos quando o Brasil escolhe um novo presidente, novos governadores, deputados e senadores. Mas o debate começa burro e perdido. O PT vai dizer que tudo começou agora, ele inventou tudo: a Petrobras, o Bolsa Escola ou Família, a estabilidade da economia. Eles dizem, com a maior sem-cerimônia, que estabilizaram a economia brasileira. PSDB e PFL vão centrar todo o fogo no recall das CPIs e nas acusações de corrupção que pesam sobre o PT. Os dois lados vão se perder em ataques recíprocos. O mais convincente estará governando o país no ano que vem. E aí o que será do Brasil?
Os cenários para o ano que vem são ruins, na sua maioria. Há um cenário de recaída populista, seja com o presidente Lula reeleito, seja com um dos dois candidatos à terceira força, o ex-presidente Itamar Franco ou o ex-governador Garotinho. Lula, que vendeu para o Brasil soluções fáceis e populistas, e que esteve meio escondido no primeiro mandato, pode aparecer num segundo mandato. Primeiro, porque estará sem Palocci — que foi a central de bom senso neste primeiro governo — depois, porque não terá nada a perder. Seu projeto, apesar de estar sempre ligado ao PT, é personalista. Tanto que ele não tem sucessores. Não há um vice-Lula.
Um segundo mandato Lula será, de qualquer maneira, pior do que o primeiro. Ele estará sobre a sombra do mensalão e das repercussões na Justiça do processo deflagrado pela denúncia do procurador-geral da República. A bancada do PT vai encolher. O partido perdeu vários puxadores de votos e foi atingido por petardos até do seu próprio líder máximo. O presidente, para se proteger, não teve dúvidas de jogar a culpa toda sobre o PT. Isso terá reflexos eleitorais. Para formar a maioria necessária para governar, Lula terá de ter o que não demonstrou ter neste primeiro mandato: capacidade de articulação com o Congresso.
Se por acaso o PMDB concorrer, e se for com Itamar Franco, haverá uma dúvida: será o Itamar da URV ou do congelamento? O da privatização da CSN ou do Fusca ressuscitado? Será o Itamar que fez a moratória mineira, ou o que aprofundou a abertura? O que teve quatro ministros da Fazenda em sete meses, ou o que escolheu a pessoa que comandou o plano que estabilizou a moeda no Brasil? Uma coisa é o Itamar com Fernando Henrique e seus economistas, outra é Itamar com os seus circundantes. Com Garotinho, é um pouco pior: não há dúvida, nem cenário bom.
O ex-governador Geraldo Alckmin até agora representa apenas ele e seu grupo paulista. Nestas primeiras semanas de pré-campanha, não parece ter unido nem os integrantes do PSDB. O melhor cenário para ele na campanha foi definido pelo presidente do partido, como "subida lentíssima". Se esse lento for rápido o suficiente para ganhar a eleição, enfrentará um Congresso conflagrado. O PT, depois desta derrota, fará uma oposição ressentida e ainda mais centrada na obstrução. O cenário "chamar os movimentos sociais para defender o partido e Lula" também não está descartado. Pode aparecer na derrota de Lula ou num possível processo de impeachment. Se ocorrer isso, será o caminho da Venezuela, de país dividido. PT e PSDB estão se transformando em inimigos de morte, mas ninguém sabe muito bem por quê: no poder, executam as mesmas políticas social e macroeconômica.
A resposta do Congresso para o pior escândalo da História do Brasil é escandalosamente fraca. Absolvição da maioria dos acusados e rejeição de todas as propostas de uma legislação moralizadora. Até uma simples prestação de contas pela internet foi rejeitada.
Os cenários de 2007 não são bons. Eles serão escolhidos agora em 2006, nesta campanha que começou de forma extemporânea pelo próprio presidente da República. O pior do debate pré-eleitoral é que ele tangencia tudo o que é relevante. É uma briga de frases, escaramuças, espertezas e dribles. Não há sinal de que os políticos se preparam para travar no plano das idéias e dos projetos o combate eleitoral deste ano. Serão golpes abaixo da cintura, dossiês e escândalos. Nisso, o tempo está passando e o melhor momento da economia mundial sendo desperdiçado. E o Brasil vai perdendo mais uma chance.
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