SÃO PAULO - Luiz Inácio Lula da Silva é a prova de que o país já deveria ter abandonado o presidencialismo. Se o regime fosse outro, não estaríamos assistindo à lenta agonia de uma autoridade. Desmoralizado pela crise, responsável político pelo "mensalão", Lula já faria parte do passado. No atual sistema -beneficiário da complacência calculista da oposição, que não quer outro adversário na disputa eleitoral de 2006-, o presidente vai se arrastando. Perambula pelo país, diz suas besteiras, mas não tem autoridade para implantar nenhuma política de verdade. Não tem condições de mudar nada. No parlamentarismo, é possível substituir imediatamente um chefe de governo na situação de Lula. É possível superar a crise, virar a página, voltar a atenção para o que interessa efetivamente. Para os reais problemas do país e do cidadão. Quando um gabinete é abatido por um escândalo, pela incompetência ou pelo descrédito, há condições de se convocar uma nova eleição num prazo muito curto, e as ruas podem fazer o julgamento político dos responsáveis. E até absolvê-los. Não é necessário aguardar na poltrona da sala de TV o fim dos quatro anos de mandato. O país é pobre demais para ficar muito tempo paralisado por uma crise política. É claro, no entanto, que tal discussão só pode e deve ocorrer efetivamente após as eleições do ano que vem, após o final do governo Lula. É uma mudança séria demais para ser jogada na vala comum do casuísmo. Mas fundamental para evitar crises semelhantes no futuro. O governo Lula não foi o primeiro a se desmoralizar neste país -nem será o último.
Duda Mendonça é realmente um marqueteiro. Descoberto que, em setembro de 2003, deu R$ 10 mil para Delúbio Soares, alegou que se tratava do pagamento de uma aposta feita um ano antes, na eleição. O curioso é que, por uma dessas coincidências da vida, lembrou-se de quitar o compromisso justamente no período em que recebeu repasses de Marcos Valério.
