Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 03, 2005

FERNANDO RODRIGUES Pesos e medidas

FSP
 BRASÍLIA - Difícil encontrar sinal de iniqüidade tão bem acabado na política brasileira como o tratamento recebido pelas agências de Duda Mendonça e de Marcos Valério.
As empresas de Marcos Valério estão acometidas de uma doença contagiosa. Ninguém chega perto. Seus contratos com órgãos públicos foram cancelados ou suspensos. Justo, afinal o dono é réu confesso no esquema de dinheiro ilegal para políticos. É impróprio o governo manter relações com alguém sob tanta suspeição.
Duda Mendonça ia pelo mesmo caminho. Perdeu sua conta para cuidar da imagem da Presidência da República. Aos poucos, tudo foi esfriando. Nesta semana, a surpresa: a Petrobras renovou por mais um ano com o marqueteiro que já serviu a petistas, a tucanos e a Paulo Maluf.
Maior estatal brasileira, a Petrobras teve um orçamento de R$ 202 milhões para publicidade neste ano. Não enxergou óbices em manter sua relação com o receptor de cerca de R$ um réu confesso.
Duda confessou seu crime no dia 11 de agosto. Passaram-se quase quatro meses. A justificativa para a renovação com o publicitário malufo-tucano-petista é uma pérola: "Diante do longo prazo exigido por licitações desse gênero, a direção da Petrobras decidiu aditar os atuais contratos até que a licitação seja concluída".
Sobre falta de tempo, Duda Mendonça entende bem. Enquanto alguns hoje pobres-diabos têm sua vida completamente vasculhada, como Marcos Valério, não há ainda sinal na CPI dos Correios sobre os extratos bancários internacionais do marqueteiro predileto de Lula.
Só há um curioso cheque de R$ 10 mil do publicitário para Delúbio Soares. Foi pagamento de uma aposta, disse. Em carta à CPI, Duda escreveu: "A verdade muitas vezes pode parecer ridícula". A mentira também.

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