Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, dezembro 27, 2005

Editorial da Folha de S Paulo

O AUXÍLIO FUNCIONOU

 
O mundo prestou ontem homenagem aos cerca de 230 mil mortos em conseqüência do tsunami que devastou a Ásia na manhã do dia 26 de dezembro de 2004. O fato animador é o balanço positivo da mobilização mundial após o maremoto, que pode incentivar a criação de um modelo de ajuda internacional em casos semelhantes.
De acordo com a ONU, mais de 75% dos US$ 13,4 bilhões prometidos foram repassados, o que constitui um recorde em operações dessa natureza. Historicamente, verifica-se que apenas metade -às vezes menos- da ajuda anunciada após catástrofes é de fato remetida.
O volume de recursos e a rapidez com que chegaram permitiram que autoridades locais, agências multilaterais e ONGs trabalhassem para impedir que a fome e epidemias provocassem uma segunda onda de vítimas -o "segundo tsunami" que muitos especialistas receavam.
Os esforços de reconstrução ainda devem durar anos, mas um dado revelador dá a medida do sucesso: apenas dois meses depois da catástrofe, quase todos os 150 mil jovens sobreviventes cujas escolas foram destruídas na Indonésia já estavam de novo freqüentando as aulas, mesmo que em edificações improvisadas.
Uma novidade importante e que contribuiu para o êxito do socorro foi o desenvolvimento de novos sistemas que permitem aos doadores acompanhar o destino dos recursos enviados através de bases de dados públicas disponíveis na internet. É um novo seguro contra desvios.
O desafio agora é fazer com que o sucesso se repita em outras emergências humanitárias. Desde o tsunami houve pelo menos uma catástrofe superlativa, embora com menos repercussões na mídia -o terremoto de outubro na Caxemira, que matou cerca de 90 mil pessoas. Os sobreviventes não receberam nem uma modesta fração do auxílio dispensado às vítimas do tsunami.

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