Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 24, 2005

CLÓVIS ROSSI A confissão

FSP
 SÃO PAULO - Ato falho do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, acaba sendo o reconhecimento de que o "mensalão" não é apenas um esquema de caixa dois (já seria crime, como diz o próprio Bastos, mas há um esforço para transformá-lo em crime menor, como se houvesse possibilidade de gradação).
Vejamos a frase de Bastos a propósito da entrevista do presidente Lula em Paris, na qual disse que o PT fizera o que todo mundo faz (ou seja, caixa-2): "Nunca articulei essa versão, de jeito nenhum. Até porque, se eu fosse o advogado, montaria uma história muito melhor que essa".
Temos, portanto, a confissão de uma alta autoridade, especialista na matéria, de que a versão caixa dois não passa de "montagem". Ainda por cima montagem chinfrim, porque Bastos acha-se capaz de armar uma história muito melhor.
O que não é difícil, aliás: é preciso ser muito tolinho ou, então, petista hidrófobo para acreditar na história dos empréstimos como fonte de abastecimento do PTduto.
O ato falho deixa um rastro de péssimo sabor, sob dois aspectos:
1 - Fica claro que até o ministro da Justiça acha o presidente da República capaz de "montar uma história", uma história insustentável. As pessoas de boa-fé ainda poderiam imaginar que o presidente tivesse sido de fato traído, como ele próprio disse, em algum momento.
Vê-se, pela frase descuidada de seu ministro da maior confiança, que não é bem assim.
2 - Deixa evidente que o próprio ministro da Justiça prefere "montar uma história muito melhor" a investigar a verdadeira história do PTduto, obrigação primária, elementar, básica, já que ele próprio não acredita na versão do caixa dois.
Quando tudo o que um dos melhores quadros do governo tem a dizer é essa lamentável confissão involuntária, imagino do que não serão capazes outros ministros.
Feliz Natal, se o seu estômago consegue ainda resistir.

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