Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, dezembro 29, 2005

MARTA SALOMON Quem tem medo do caixa um?

FOLHA

 BRASÍLIA- Ainda distantes do fim, as investigações do caixa dois do PT e do PSDB começam a modelar o financiamento das campanhas de 2006. Empresários e futuros candidatos apostam na redução do volume de dinheiro destinado às campanhas.
O constrangimento ao caixa dois viria até por motivos prosaicos, como o medo de que secretárias e motoristas, mais atentos depois do noticiário do "mensalão", denunciem o passeio de malas com dinheiro vivo dos chefes, por exemplo.
Já as contribuições oficiais, acompanhadas pela Justiça Eleitoral, secariam em decorrência de um estranho temor -antigo e crescente- de que vínculos entre as doações a políticos e futuros favores a empresas venham a público.
Esse movimento, de refluxo do financiamento privado, dá força a um outro, ainda sutil, de defesa do financiamento público das campanhas. A começar pelo financiamento indireto, destinado a atrair doações privadas em troca de abatimentos no Imposto de Renda.
Mais radical, o sub-relator de combate à corrupção e ao caixa dois da CPI dos Correios, deputado Ônix Lorenzoni (PFL-RS), adianta que pôs o liberalismo de lado. Para ele, a única forma de combater o caixa dois nas campanhas seriam duas ou três eleições com financiamento público, para "sanear" o ambiente, além de penas mais duras para o crime. Mas as chances de mudanças importantes para 2006 são remotas, avalia.
Assim, a grande novidade deve vir do TSE, que baixará os regulamentos da eleição até março. É forte a tendência para obrigar partidos e candidatos a divulgarem a lista de doadores on-line na internet. Atualmente, a lista fica disponível no endereço do tribunal depois das eleições, num grau de transparência que poucos países têm.
Move a idéia um argumento simples: caixa dois não é problema de excesso de transparência, é crime. E crime não se combate com a ocultação dos nomes dos financiadores das campanhas e seus interesses.

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