Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Zuenir Ventura Louvado seja o Pan




O GLOBO

Em meio a tanta coisa ruim acontecida e acontecendo, a anunciada união dos governos federal, estadual e municipal num mesmo projeto é, para o Rio, a notícia mais extraordinária deste final de ano e do que vai começar, se tudo correr de fato como prometido. Louvado seja o Pan pelo milagre e pelos R$ 384 milhões que serão destinados à segurança da cidade até 2007. Sei que no Brasil é perigoso comemorar promessas e sei que a campanha eleitoral pode estragar tudo, mas antes de pensar nisso e como estamos em época de festas, não custa falar do que a iniciativa tem de positivo.

Mais do que a grana a ser investida, mais do que os equipamentos sofisticados a serem instalados e mais do que o reforço de dez mil policiais bem treinados, o que faz a diferença entre este e os programas anteriores é que, ao contrário do adotado na Eco-92, por exemplo, que durou enquanto durou o evento, o de agora tem caráter permanente, é de longo prazo, pretendendo começar antes e continuar depois dos jogos.

Além disso, na ação planejada pelo Ministério da Justiça decidiu-se não convocar as Forças Armadas como foi feito em vezes anteriores, poupando-as de uma função policial que não é de sua natureza. O comando das operações estará a cargo da Secretaria de Segurança estadual, que contará com a Força Nacional, uma tropa de elite composta por integrantes das polícias militar, civil e do Corpo de Bombeiros. A abertura desse espaço de colaboração entre corporações policiais é uma novidade e um avanço. Outra iniciativa importante será o recrutamento de 18 mil jovens de áreas pobres da cidade interessados em trabalhar como voluntários durante o Pan.

Resta a grande questão: como se comportará essa integração de várias instâncias — federal, estadual e municipal — com interesses políticos em geral conflitantes num ano em que a disputa eleitoral promete pegar fogo? Como terá continuidade um projeto do qual os principais responsáveis poderão não estar mais aí? Se, por hipótese não muito improvável, o ministro Márcio Thomaz Bastos, seu idealizador e coordenador, e o secretário Marcelo Itagiba, executor, resolverem sair candidatos, quem assegura que os substitutos terão o mesmo empenho num projeto que não é deles? E as obras, não estão atrasadas demais? Mas essa não é hora de perguntas impertinentes, é hora de desejar que tudo dê certo.


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Sei que é uma questão de gosto. Mas não é engraçado que o prefeito do Rio prefira passar o réveillon em Nova York?

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