Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 24, 2005

FERNANDO RODRIGUES Visão de dentro da crise

FSP
BRASÍLIA - Os escândalos podem tirar algumas pessoas de cena, mas não subtraem a capacidade que têm de analisar a conjuntura e de tomar a temperatura política do país.
Um desses casos é o de João Paulo Cunha, à espera de seu julgamento na Câmara. De dentro da crise, o deputado do PT de São Paulo continua a mandar, sempre que pode, sugestões para a boa condução do governo. Responsável dentro do partido pelos levantamentos minuciosos em todos os Estados em várias eleições passadas, ele acha que o Planalto tem cometido deslizes e algo precisa ser feito rapidamente.
"Para que estimular um debate sobre a política econômica, sugerindo alguma mudança, se daqui a seis meses será necessário defender essa mesma política econômica durante o período eleitoral?", pergunta ele.
Ao ter colocado gasolina no motor de quem ataca Antonio Palocci, o presidente da República apenas aceitou a falsa disputa entre paloccistas e anti-paloccistas. É possível reduzir a taxa de juros mais rapidamente? Talvez, mas ninguém minimamente instruído nas coisas do governo considera ser viável uma guinada brusca a esta altura. Se é assim, é também inútil fomentar a discussão na antevéspera do processo eleitoral.
"O ideal é fazer as correções necessárias, mas dentro do modelo que já está em curso. Mostrar ao eleitor que a partir de 2007 o PT poderá implantar integralmente o seu projeto de desenvolvimento, depois de quatro anos de transição", diz João Paulo.
Entre as correções imediatas estão medidas para trazer novamente a classe média para a seara petista. Com o caixa cheio depois de três anos de economia, pouco custaria para Lula patrocinar bondades nas áreas de saúde, segurança e emprego.
Há indicações de que essa será exatamente a rota do PT e de Lula a partir de janeiro. Há uma consciência dentro do governo sobre o esgotamento do espaço para erros. A partir de agora, derrapadas serão fatais para a reeleição do petista.

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