Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 17, 2005

Lucia Hippolito:Palocci foi bem, mas não está livre

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"Sobre a ida do ministro Palocci ontem à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, pode-se dizer que, depois de mais de dez horas, ele saiu do Congresso melhor do que entrou.


Agüentou a tortura de horas e horas de discursos dos senadores, exposições sobre política econômica, queixas de desatenção do governo para com seus estados ou regiões, críticas sobre opções tomadas pelo governo Lula.


Por isso, a segunda conclusão da longuíssima sessão que entrou pela madrugada é que o senador Mercadante, líder do governo no Senado, tem toda a razão: precisa ser mais freqüente a ida de ministros, sobretudo o da Fazenda, ao Congresso.


É vital que as autoridades brasileiras prestem contas aos representantes do povo, discutam ações de suas pastas, ouçam as queixas, sugestões e críticas dos deputados e senadores.

 

Se as relações entre Executivo e Legislativo fossem mais freqüentes e baseadas em respeito mútuo, se os membros do Executivo não se julgassem tão acima do bem e do mal, pessoas que não devem satisfação a ninguém, com exceção do presidente da República, o comparecimento de ministros ao Congresso não precisaria ser tão penoso, tão cansativo.

 

A verdade é que, embora no presidencialismo os ministros sejam nomeados pelo presidente da República e devam prestar contas somente a ele, o presidencialismo brasileiro, assim como o de outros países, tem evoluído no sentido de incorporar cada vez mais o Legislativo nos atos de governo. 
 

Assim, ministros e outras autoridades cada vez mais comparecem perante comissões do Legislativo para prestar contas, discutir políticas públicas, esclarecer dúvidas.

 

Não é mais possível que ministros vão ao Congresso apenas para liberar emendas de parlamentares, quando o governo precisa aprovar ou vetar uma medida de seu interesse.
 

Palocci enfrentou o constrangimento de comparecer ao Senado, respondeu a todas as perguntas, esclareceu suas posições sobre política econômica, elogiou os governos anteriores por decisões na área econômica, elogiou toda a sua equipe no Ministério da Fazenda, foi leal ao presidente Lula.

 

Mas o motivo verdadeiro da ida de Palocci ao Congresso era neutralizar os ataques que o atingem, ataques partidos de seus antigos assessores e companheiros do tempo de Ribeirão Preto, além de ataques de petistas, de membros de partidos da base aliada e de ministros com gabinete no Palácio do Planalto.
 

Quanto a isto, todo o charme e a habilidade do ministro Palocci não foram suficientes.

 

Palocci pode ter ganhado uma sobrevida, mas não parece que conseguirá escapar de dar explicações mais convincentes sobre a chuva de denúncias que vem se abatendo sobre ele desde agosto.
Pode ser na CPI dos Bingos, pode ser em outro fórum. Mas Antonio Palocci ainda não pode se considerar livre de todas as suspeitas."

Enviada por: Ricardo Noblat

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