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" O ministro Antônio Palocci está numa tremenda saia justa.
Foi convocado, juntamente com o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, a comparecer hoje à Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa a emenda constitucional que cria o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, o Fundeb.
A saia justa se explica porque o Art. 50 da Constituição declara que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar ministros para prestar informações. Se os ministros faltarem sem justificação adequada, incorrerão em crime de responsabilidade. Ou seja, podem sofrer processo de impeachment.
Acontece que Palocci tinha combinado com os senadores de comparecer na semana que vem à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
O pretexto seria falar sobre a política econômica, mas na verdade o ministro daria explicações sobre todas as denúncias que vem sofrendo desde agosto, quando seu ex-assessor Rogério Buratti denunciou a existência de um esquema ilegal de arrecadação de dinheiro para o PT, quando Palocci era prefeito de Ribeirão Preto.
Como os membros da Comissão de Assuntos Econômicos costumam ser mais moderados, mais sensatos, menos exaltados, Palocci tentaria escapar de depor na CPI dos Bingos.
Mas a convocação para comparecer à Comissão especial da Câmara atropelou o cronograma do ministro.
Depois de uma semana infernal, em que foi bombardeado pelo PT e jogado ao mar pelo Palácio do Planalto, o ministro retirou-se para um descanso e para pensar na vida.
Ficar no governo como uma espécie de morto-vivo, como ficou José Dirceu depois que o escândalo Waldomiro explodiu em seu colo, ou pedir demissão enquanto ainda pode andar? Palocci já é um pato manco, mas ainda não está morto.
Depois de uns dias de descanso, o ministro retornou ontem a Brasília e decidiu negociar sua ida ao Congresso.
Acertou com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, que vai primeiro à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, onde imagina que pode ser mais bem tratado e, de certa forma, poupado pelos senadores.
Só falta combinar com suas Excelências."