Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, novembro 01, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Tira a mãe do meio

FSP
 BRASÍLIA - A guerra entre governo e oposição tinha muitos coronéis, muitos soldados, muito blablablá, muita opinião conflitante. Mas acaba de ganhar dois generais.
Lula finalmente assumiu o comando da sua tropa, aderindo à tese de radicalizar com a oposição e com a imprensa. Ouviu muito esse tempo todo. Agora, decidiu que "guerra é guerra". E que "o Planalto" é "Lula".
Nessa onda, Lula também escolheu o general da tropa inimiga: ele se chama José Serra, um dos principais presidenciáveis do PSDB.
Neste exato momento, os homens de Lula e de Serra tentam estabelecer uma espécie de manual de conduta na guerra. Ou seja: disputa política e críticas pode, mas meter a mãe no meio não pode. Aliás, nem mãe, nem mulher, nem filhos -que já não saem da boca do povo, quer dizer, dos congressistas.
Lula e Serra "conversam" por meio das conversas de assessores e de parlamentares aliados de um e de outro. Mas Lula já abriu espaço para conversar com emissários da oposição e já enviou um emissário para discutir a situação com Serra.
Basicamente, o que o presidente tem a dizer é o seguinte: não aguenta mais apanhar sozinho. Se é para apanhar, é para bater também. Instrumentos e armas é o que não falta.
As três CPIs já expuseram os telhados de vidro de todos os lados, agora buscam provas que ninguém quer. Porque nem a oposição quer, de fato, impeachment ou CPI do caixa dois, nem o governo quer mais lama. Começa a fase muito mais difícil e subterrânea dos conchavos políticos.
Só falta combinar com um adversário tanto do PT e de Lula como do PSDB e da oposição toda: a imprensa. Por mais que os generais estabeleçam regras e seus soldados lutem dentro delas, a imprensa não vai parar de investigar.
Ah! Aliás, essa é uma outra guerra do general Lula: ele está encantado com a "dura" que Chávez deu na imprensa venezuelana. E doido para fazer igualzinho. Como se pudesse.

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