País vulnerável
Um estudo do banco de investimento americano Goldman Sachs deu esperanças de que a antiga, surrada e desacreditada profecia do Brasil como "país do futuro" possa um dia se realizar. A análise abrange o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, batizados de Bric, e projeta para o grupo um cenário de leite e mel. Prevê que, em 40 anos, os Brics possam ser maiores que o atual G-6 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Itália). O Brasil é candidato à quinta economia mundial, atrás de China, EUA, Índia e Japão.
Como todo exercício de futurologia, este também deve ser encarado com algum ceticismo, embora venha de fonte mais confiável do que futurólogos livres atiradores que já produziram análises semelhantes. Reconheça-se, é um estudo animador. As dúvidas surgem quando se avaliam as virtudes e os pontos fracos de cada um dos aspirantes a potência — ressalve-se a China, que já pode ser considerado sócia do clube dos grandes.
Nesse sentido, a grande fragilidade brasileira, até mesmo decisiva para a concretização ou não das projeções do Goldman Sachs, está na educação. De todos os Brics, o Brasil é o mais mal situado nessa questão vital.
O último livro do colunista do "New York Times" Thomas Friedman ("The world is flat", "O mundo é plano") é um estridente alerta. Uma história bem detalhada de como a revolução da internet e a globalização se entrelaçam, o livro alerta os EUA para o grande risco de serem derrotados na corrida pelo conhecimento travada com a China e o bloco asiático. O que esperar, então, do Brasil nesse mundo em que a capacidade de competir depende de uma população bem instruída e em constante aperfeiçoamento? Muito pouco ou nada.
Basta constatar que há 39 universidades federais em greve desde o fim de agosto; que a proposta de reforma universitária não se preocupa como deveria com a avaliação de mestres, alunos e instituições, e com o mérito; que corporações de professores e servidores públicos da área são cada vez mais influentes para defender interesses e privilégios próprios, desconectados de uma verdadeira política educacional.
Os brasileiros não devemos nos enganar. Se nada for feito, a sigla Bric perderá uma letra mais cedo ou mais tarde.
Dilema chinês
Com mais de 1,3 bilhão de habitantes, a China é um mar de gente e um oceano de contradições. Seu Produto Bruto passou a crescer a taxas superiores a 9% ao ano desde que o país optou pela economia de mercado e se lançou com vigor inédito à conquista de mercados externos. Mas o governo adia indefinidamente a abertura política que supostamente se seguiria à abertura econômica, ao mesmo tempo que recorre a medidas centralizadoras, como manter a taxa de câmbio rigidamente controlada, que juntamente com os baixos salários pagos pela indústria confere aos produtos chineses um imbatível grau de competitividade no mercado internacional.
E a vertiginosa expansão econômica do país desde 1978, quando foi abandonado o ineficiente planejamento central ao estilo soviético, está hoje pondo a China em uma encruzilhada. A estabilidade política depende da capacidade do governo de manter a economia e o número de empregos em crescimento; mas ao custo de uma devastação ambiental que não pode persistir indefinidamente. No fundo, é uma questão aritmética simples: o consumo de recursos naturais e a produção de rejeitos de uma pessoa multiplicados por 1,3 bilhão.
Desmatamento, poluição de rios e do ar, consumo tão intenso de petróleo que torna a China o principal responsável pela disparada de preços do combustível fóssil — tudo isso está começando a inviabilizar a continuidade do crescimento econômico a taxas tão altas. Recorreu-se a uma tentativa de contornar o problema que poderia ser chamada de terceirização da destruição ambiental: a importação de madeira e outras matérias-primas de outros países, como a Rússia e mesmo o Brasil.
É claro que a manutenção desse processo não pode ser tolerada pela China nem pelo mundo, e já está levando o país a buscar soluções tecnológicas verdes: geração de eletricidade a partir da radiação solar, motores a diesel, menos poluidores, para carros de passeio, ênfase crescente em economia de energia e assim por diante. É ingênuo imaginar que a China encontrará rapidamente em tais inovações a saída do dilema. Mas, resultado da falta absoluta de alternativas, elas parecem ser tímidos primeiros passos nesse sentido.
Entrevista:O Estado inteligente
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