CPI DISPENSÁVEL
Criada por iniciativa governista como contraponto à CPI dos Correios, a CPI do Mensalão foi uma tentativa de estender as investigações sobre denúncias de suborno de parlamentares ao primeiro governo Fernando Henrique Cardoso. Como se sabe, o caso da compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição, levantado e noticiado por esta Folha, terminou sem ter sido objeto de investigações aprofundadas por parte das autoridades competentes.
O atual governo e o PT viram nessa circunstância uma oportunidade para intimidar o PSDB e o PFL e negociar em melhores condições seus interesses na CPI dos Correios. Ao que parece, nem mesmo para isso a comissão foi útil. Suas "investigações" chegaram ao fim sem que nada de novo fosse apurado, tanto no que tange ao "mensalão" quanto ao caso do governo anterior. De mais palpável, a CPI apresentou uma lista exígua de parlamentares "cassáveis". Sua superficialidade pode ser medida pelo fato de o relator Ibrahim Abi-Ackel ter admitido que não atentou para a data de encerramento dos trabalhos -ontem. Até o fechamento desta página, as chances de prorrogação pareciam escassas.
Por não se ter fixado na data final, Abi-Ackel não havia preparado o relatório com a desejável antecedência, embora tivesse adiantado que a comissão não encontrou evidências de repasses mensais de recursos do esquema PT-Marcos Valério para parlamentares. Como já fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em recente entrevista ao programa "Roda Viva", essas conclusões incentivam o governo a dizer que o "mensalão não existiu" -mesmo que o distraído Abi-Ackel e seus colegas tenham constatado a existência de "um sistema de distribuição de recursos ilícitos" para partidos e parlamentares.
Como já se comentou neste espaço, a periodicidade desses pagamentos destinados a consolidar a base de apoio do Executivo no Legislativo não é o que mais importa -a não ser que alguém acredite que a corrupção à vista seja menos corrupção do que aquela consumada a prazo.
OS ÔNUS DO HAITI
A denúncia de que militares brasileiros estariam envolvidos em chacinas no Haiti, independentemente de ser ou não verdadeira, corrobora a tese de que a paupérrima ilha caribenha transformou-se num atoleiro para o Brasil.
As acusações, feitas por ativistas norte-americanos à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), precisam ser investigadas, embora outras fontes abalizadas sustentem que, se a Minustah (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti), cujo comando militar é do Brasil, errou, foi mais por omissão do que por ações concretas.
De toda maneira, a denúncia funciona como um termômetro da deterioração tanto do cenário político como do prestígio das forças estrangeiras. Uma acusação como essa teria sido impensável durante os primeiros meses da missão, que teve início em junho do ano passado.
Esta Folha foi favorável à colaboração do Brasil com as forças da ONU, mas já há meses vem alertando para os problemas ocasionados pela falta de uma ação conjunta da comunidade internacional. Ao que tudo indica, à medida que o tempo passa, a situação tende a piorar. A eleição presidencial, que deveria ser o início da normalização do Haiti, já sofreu quatro postergações -estando prevista, agora, para meados de dezembro.
É também desalentador que grande parte da ajuda prometida por diversos países em 2004 jamais tenha chegado à ilha. E dificilmente chegará. O Haiti não é o único país miserável do planeta que cobra apoio externo, e os EUA, potência que realmente faz a diferença, têm outras prioridades internacionais no momento.
Diante desse quadro, o Brasil vê-se na incômoda posição de comandar uma missão que vai se tornando cada vez mais impossível. Sendo assim, os brasileiros ficam com os ônus políticos pelo fracasso. Para não torná-los muito evidentes, o país permanece no Haiti apenas fingindo que tudo corre bem.
Entrevista:O Estado inteligente
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