O GLOBO
Desde 1789 nenhuma grande confusão nacional acontecia só em Minas Gerais. Desde 1891, ano do estouro da parceria público-privada do Marechal Deodoro para a construção do Porto de Torres (RS), não se conhece grande escândalo sem plutocratas. Esse sempre foi um aspecto intrigante das malfeitorias do PT-Federal. Tinha Minas de mais e logotipos de menos. A conexão angolana abre uma nova e profícua avenida para as investigações. Ela poderá levar uma caixa enorme, e antiga.
São duas as cuecas da gaveta. Numa, o repórter Jailton de Carvalho mostrou que há US$ 2,7 milhões remetidos do Brasil para as contas do ministro das Finanças e do presidente do banco central angolano. O mimo, fatiado em 21 transações, passou pelo Trade Link Bank de Cayman. Esse foi o caminho usado por Marcos Valério para botar dinheiro na conta de Duda (Dusseldorf) Mendonça.
Mesmo sabendo-se que o inconfidente Alvarenga Peixoto morreu degredado em Luanda, as relações de Minas com Angola são poucas. Associar Marcos Valério a essa transação pode embaçar a vitrine. A idéia segundo a qual alguém mandaria semelhante ervanário para ministros africanos (ou latino-americanos) esperando revê-los numa caixa de campanha eleitoral faz rir um ouriço. Só se chega ao filantropo perguntando: Quem teria motivos para mandar US$ 2,7 milhões para sobas angolanos?
Na segunda cueca há a linha Ribeirão Preto-Luanda. Assim como o Brasil foi moda em Paris, Angola ficou fashion em Ribeirão. Rogério Buratti (secretário de Antonio Palocci na prefeitura da cidade) foi para lá em agosto de 2003. Oferecia os serviços da empresa Leão & Leão. Até aí, tudo bem. Nenhuma empresa está proibida de tentar negócios no país que ocupa o 151 lugar na tabela das 159 nações mais corruptas do mundo. A fascinação angolana não foi exclusiva da Leão & Leão. Ela encantou também o empresário Roberto Colnaghi, fabricante de equipamentos de irrigação e locador de serviços de informática, em cujos aviões viajaram tanto o ministro Antonio Palocci como as caixas que Vladimir Poleto foi buscar em Brasília.
A turma de Ribeirão viu no além-mar aquilo que os administradores de empresas chamam de "janela de oportunidade". Esse nicho não era coisa para os deputados que, como os dois companheiros do Nazareno, estão crucificados nas CPIs de Brasília.
Em maio passado o governo brasileiro anunciou a concessão de um crédito de US$ 580 milhões para a cleptocracia angolana. (O protocolo foi assinado pelo ministro Palocci e pelo ministro das Finanças, José Pedro de Morais Jr, em cuja conta pingou US$ 1,4 milhão, só em 2003.) Uma parte do empréstimo sairá do programa de incentivo às exportações do BNDES. Tratou-se de um reescalonamento da dívida angolana com Pindorama, que chegou a ser o segundo maior credor do país, depois da falecida URSS. Como há empresas brasileiras que vendem bens e serviços a Angola, uma complexa justificativa de engenharia financeira acompanha a operação. Essa certeza permitiu que "Nosso Guia" dissesse: "Fomos o primeiro país a equacionar a dívida bilateral de Angola. Continuamos confiantes."
Noutro caso, ocorrido no século passado, o Palácio do Planalto e o Banco do Brasil alavancaram negócios iraquianos de uma subsidiária da Petrobras que levou consigo a empreiteira Mendes Júnior. Como não podia deixar de ser, caíram nas traficâncias de Saddam Hussein. A empreiteira quebrou. A estatal teve morte natural.
Entrevista:O Estado inteligente
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