Entende-se que um partido no governo, enrolado em pífio desempenho administrativo e com crises pipocando de todos os lados, sinta a necessidade de uma manifestação de apoio, tão enfática quanto possível.
Mas desta vez o Partido dos Trabalhadores passou dos limites, foi além da linha do razoável e escorregou no ridículo no estapafúrdio festival da obviedade na solene promoção do primeiro encontro nacional do Campo Majoritário, de existência até então desconhecida, e que encheu o vazio do noticiário e os vagares do presidente e sua comitiva, às voltas com a viagem à Roma para o enterro do Papa João Paulo II.
Dois dias de conversas amenas, no clima desanuviado pelo consenso dos petistas que se proclamam aliados incondicionais do governo, não havia espaço para críticas, reparos ou cobranças às trapalhadas oficiais. Pelo levantamento dos donos da festa, o Campo Majoritário justifica o nome com os 60% que reúne para o oba-oba ao presidente Lula e a firme defesa contra a investida dos inimigos e desafetos, inclusive o grupo dos que, como os escorpiões, fisgam e envenenam os que o carregaram nas costas.
Ora, se os majoritários garantem que representam 60% do PT, sem informar se é dos parlamentares, dos diretórios, dos filiados, em que mundo, em que galáxia se escondem os 40% dos mal-agradecidos dissidentes? No P-SOL, a proposta da sigla alternativa que se apresenta para lutar pelas bandeiras que o PT abandonou no desvio do oportunismo oficial, são muito menos, apesar das crescentes adesões.
Quem não está do lado de lá nem pulou para a banda de cá, equilibra-se em cima do muro.
Se não tinham nada de novo a anunciar, os destaques do buquê petista não se negaram a atender aos repórteres que cobriam o grande assunto do fim de semana, repetindo mais uma vez o que têm dito no rodízio das entrevistas dominicais que garantem uma página das edições que distraem os leitores no justo repouso doméstico.
O irrequieto José Dirceu, chefe da Casa Civil da Presidência, que saltita como quem atravessa, descalço, o braseiro das fogueiras juninas, celebrou a sua conversão ao neoliberalismo econômico do ministro da Fazenda, Antonio Palocci - o grande vitorioso no encontro do Campo Majoritário - com declarações do mais exuberante otimismo: ''o PT não só apóia como reivindica a política econômica. Significa estabilidade e combate à inflação. Temos que ter sabedoria para manter a unidade do governo''.
Inflado como papo de peru provocado pelo assobio moleque, o presidente José Genoino, com a reeleição garantida pelo apoio expresso do plenário, borboleteou nas variações sobre o seu imutável repertório. É mestre das frases pomposas, que ecoam no oco da cuca e somem como fumaça: ''Ser de esquerda hoje no Brasil e no mundo é lutar por mais igualdade social''. Resta completar com a lista dos que lutam por mais desigualdade social.
No embalo, sem franzir o canto da boca no rito irônico, garantiu que o PT só cuidará da sucessão presidencial e da conseqüente reeleição de Lula no próximo ano. Pontificou: ''O que guia o PT é a continuidade do governo Lula no processo da eleição de 2006''. Contraditório, não?
A parolagem petista distraiu os companheiros em dois dias de conversa em que o assunto único foi a reeleição de Lula, examinada com otimismo e em seus ângulos preocupante.
Na ausência da principal figura, em visita a cinco países africanos, a realidade ficou fora da pauta. Por delicadeza não se falou nas aperturas do novo ministro da Previdência, Romero Jucá, alvejado por denúncias de corrupção.
Nem da praga do nepotismo que grassa nos três poderes, pois como sentencia o catedrático na matéria, deputado Severino Cavalcanti, presidente da Câmara, ''nepotismo é para os fracassados''.
JB Online
Entrevista:O Estado inteligente
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