Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 21, 2005

JANIO DE FREITAS :Papa para quem




Na missa de corpo presente, João Paulo 2º ficou cercado por um mundo de pompa, centenas de indumentárias brilhantes no vermelho mais escarlate, carmim, roxo, colares e anéis de ouro, e a resplandecência de autoridade levada pelos representantes, inúmeros, do universo de poder e riqueza.
Solitária entre o altar e o papa, distante alguns metros de João Paulo 2º e afastada para o lado, em diagonal ao corpo, viu-se uma cruz com um homem esculpido em tamanho quase natural, pregado, seminu, a fisionomia entre a suavidade e o sofrimento. Ali estava como uma representação a mais do divino. E, no entanto, pareceu ser ali a única representação dos homens.
Se Joseph Ratzinger diminuir o contraste entre os dois simbolismos reunidos com desequilíbrio tão realista nas exéquias de João Paulo 2º, mesmo que não o faça com a grandeza de João 23, terá sido um bom papa. Do contrário, será apenas um papa para a igreja.

Em função
Lula tem razão: "Não posso tirar ou pôr um ministro em função desta ou daquela manchete de jornal". Não é, mesmo, em função de manchetes que deve fazê-lo. É em função do que as motivou.
E no fornecimento de tal motivação, deve-se reconhecer que o ministro da Previdência, Romero Jucá, ainda não poupou imprevidência na sua vida pública para personificar manchetes.
Um leitor da nova saberia presidencial fez a consideração definitiva: "Se dependesse do Lula e da sua atual opinião sobre notícias, nada teria acontecido nem ao Collor".

Conclusão
Reivindicação constante, em geral com sentido acusatório a algum governo, a colaboração entre polícias federal e estadual deixa mais um exemplo de que não é tão simples quanto supõem as reclamações fáceis.
A Polícia Federal foi mobilizada, prontamente, para participar das investigações da chacina na Baixada Fluminense. Por acaso ou não, logo lhe foram atribuídos rápidos avanços investigatórios que, de fato, não lhe eram devidos. Bem, correram as coisas.
Mas, pelo visto, a PF acabou supondo que correr era o propósito principal. Já entregou ao Ministério Público o seu "inquérito concluído". Ou seja, grande êxito: acabou antes da polícia estadual. Mas seu inquérito só inclui depoimentos, faltam-lhe as provas materiais para sustentar a acusação e a esperada condenação.
Colaborar pouco se diferenciou de competir. O que é mais um aspecto a ser estudado, para a conveniente prevenção, nos planos de ações conjuntas das polícias pelo país afora.
FOLHA DE S PAULO

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