Entrevista:O Estado inteligente
Globo- Miriam Leitão:Poupar vidas
Poupar vidas
Podem ter sido poupadas mil vidas no último trimestre do ano passado no estado de São Paulo. Em Bogotá, a taxa de homicídios diminuiu 70% em dez anos e caiu 50% a de mortes no trânsito. Em Brasília, caiu à metade o número de mortos no trânsito de 95 a 98. Há esperança; ninguém deve se conformar com as escandalosas taxas de morte violenta no Brasil. As vítimas são principalmente os jovens.
Entrevistei Gláucio Soares e Julita Lemgruber na Globonews e eles mostraram que, com boa análise, pode-se encontrar o caminho para se sair da apatia com que o Brasil e o Estado do Rio vêem o que se passa nos últimos dias na Baixada Fluminense. Dos assassinados na noite de 31 de março na Baixada, dez tinham menos de 20 anos. Nós, no Rio, no Brasil, temos tolerado o intolerável.
O primeiro passo dado por qualquer governo que tentou, sinceramente, enfrentar a violência foi a reforma da polícia.
— Tem que ter controle externo da polícia, da ouvidoria. Na Irlanda, quando há um crime do qual a polícia é suspeita, nenhum policial pode tocar na cena do crime, apenas os técnicos da ouvidoria podem fazer investigação — diz Julita.
Gláucio conta que processos de limpeza da polícia ocorreram em todos os países e cidades que têm vencido o crime. Ele tem muitos dados mostrando que a redução das mortes violentas é uma realidade em vários países e certas medidas já foram testadas e funcionam. (veja gráficos)
— Em Bogotá, um prefeito que se envolveu diretamente com o problema e tomou as medidas certas reduziu fortemente os homicídios e mortes no trânsito — ressalta.
Acidentes de trânsito, homicídios e suicídios estão agregados na mesma estatística com o nome de “mortes por causas externas”. Todas, por natureza, poderiam ter sido evitadas. No Brasil, os números são maiores que os de países em guerra. Entre os jovens, são quatro vezes maiores que a média do país. Na faixa de 20 a 24 anos, morrem de forma violenta 18 moças a cada 100 mil habitantes; e 184 rapazes.
— É genocídio o que estamos vendo. Os mais ameaçados são jovens, pretos e pobres — afirma Julita.
Em Brasília, o “Paz no Trânsito”, da época do então governador Cristovam Buarque, foi um sucesso. Nele, escreveu Gláucio, “juntaram-se governo, mídia, universidade, ONGs, mas a vitória foi da cidadania”. A taxa de mortes por 10 mil veículos caiu de 11 em 95 para 6,5 em 97. Mesmo assim, é o dobro da taxa da Austrália.
As mortes violentas só recentemente entraram na agenda das ciências sociais no Brasil, lembra Gláucio. Ele acha que o tema deve ser debatido dentro da idéia de uma “ciência social de resultados”. Algumas coisas funcionam, como a proibição de servir bebida depois de uma certa hora. A lei seca em 14 municípios do interior de São Paulo, entre eles, Diadema, reduziu em 9,8% as mortes no trânsito. O desarmamento é outro remédio usado em vários países e cidades.
Quem estuda o problema a acredita que é possível reduzir a violência. A morte de jovens é uma tragédia social e econômica; é a perda do futuro.
Luiz Paulo tinha 19 anos, morava no Vidigal, estava no ensino médio e trabalhava no McDonald’s como auxiliar de cozinha. Na sexta-feira, dia 1 de abril, passou no trabalho para mostrar que tinha quebrado o braço e não trabalharia. Foi com a namorada comprar um celular com o salário. Saiu da casa da namorada e não chegou em casa. Foi assassinado pelo Bope, garantem os moradores. A polícia nega. O menino, segundo vizinhos, nunca se envolveu com drogas. A polícia impediu manifestação e o crime já está esquecido. Vai apenas engrossar a estatística.
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