Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, abril 06, 2005

Folha de S.Paulo - Fernando Rodrigues: A diáspora do PT vem aí - 06/04/2005


BRASÍLIA - Quando os petistas terminarem sua reunião deste fim de semana, no Rio, o partido estará caminhando inexoravelmente para um racha sem precedentes.
Reúnem-se no sábado os integrantes da ala conhecida como Campo Majoritário do PT. São os governistas. Vão aprovar um texto que propõe à sigla incorporar vários valores hoje só presentes no governo Lula. Será a maior inflexão da história dos 25 anos da agremiação.
Declínio da taxa de juros apenas de maneira gradual para não prejudicar o combate à inflação, austeridade fiscal e outros bichos que nunca fizeram parte de maneira explícita do programa do PT poderão ser incorporados pela sigla.
É incerto quantos ficarão descontentes no PT por causa da oficialização dessas "novas" posições, mas é possível que o número de interessados na porta da rua varie de 15% a 30% entre os principais quadros partidários. É muita coisa. A diáspora pode desfigurar a sigla.
Até hoje, as principais dissidências do PT se resumiam a minúsculos grupos de ultra-esquerda -como a Convergência Socialista, que foi expelida e virou o PSTU.
O tamanho da perda de quadros dependerá da forma como serão introduzidos os conceitos liberais ortodoxos no programa do partido. No sábado, o seminário do Campo Majoritário petista terá três oradores principais: José Dirceu, Antonio Palocci e José Genoino. Eles darão o tom sobre a entrada definitiva do PT no rumo da social-democracia.
Tudo seria mais fácil se houvesse consenso e equilíbrio entre os principais dirigentes na cúpula partidária. Ocorre que está cristalizada uma divisão abissal entre Palocci e os outros. Lula, em viagem ao exterior, acompanhará a discussão de longe. Uma coisa é certa: depois de sábado, o PT começará a ser, agora oficialmente, bem parecido com o que emana do Palácio do Planalto.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog