Entrevista:O Estado inteligente

domingo, abril 03, 2005

Folha de S.Paulo -ELIANE CANTANHÊDE: O céu é o limite - 03/04/2005



BRASÍLIA - Brasília deve receber representantes de 22 países árabes e de 12 sul-americanos em maio. Convenhamos que não é nada trivial.
O objetivo declarado é a aproximação política, comercial e cultural, porque eles têm bilhões de dólares para comprar e o anfitrião Brasil tem muito o que vender. Mas é evidente que a crise do Oriente Médio estará pairando sobre tudo e todos. EUA e Israel podem entrar na berlinda.
Celso Amorim mandou dois recados para Washington. Num, simplesmente recusou o pedido dos EUA de ter um observador, alegando que não se trata de reunião multilateral. A resposta foi: "Não", ou "no, thanks".
No outro recado, bem mais amigável, o chanceler garantiu que não haverá nenhuma provocação. Na linha do "fiquem frios", ou "take it easy".
Como ninguém pode fingir que a crise no Oriente Médio não existe, haverá rápida referência nas cerca de dez páginas do documento final (sim, senhor, o documento já está pronto). Resoluções da ONU são como leis brasileiras: ninguém respeita. Mas quebram o maior galho quando nada pode ser dito, mas algo precisa ser escrito. Sacou-se uma resolução qualquer sobre paz e estamos todos conversados.
Até maio, porém, muita água e muitas conversas ainda vão rolar. Amanhã, por exemplo, chega ao Brasil o secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa. No dia 27, é a vez de Condoleezza Rice. Ferro e ferradura.
E, no próprio megaencontro, duas estrelas, entre tantas, devem disputar holofotes: o velho Gaddafi e o novo Chávez. Os dois têm tudo a ver, e não é só petróleo. Com ou sem observadores oficiais, os EUA vão estar de olhos e ouvidos bem atentos.
Quanto ao Brasil, além de negócios e cifrões, quer votos para a vaga permanente no Conselho da ONU e apelos para que o G-3 (Brasil, Índia e África do Sul) apóie as negociações de paz no Oriente Médio. Como se sabe, a política externa não é nada modesta. O céu é o limite.

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