Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, abril 04, 2005

Folha de S.Paulo - Editoriais: TERROR BRASILEIRO - 04/04/2005


Verdadeiro atentado terrorista, no qual se disparou a esmo, deixando um saldo de 30 mortos, entre os quais donas-de-casa e crianças, a chacina que teve lugar em Queimados e Nova Iguaçu, municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro, é mais uma eloqüente evidência da situação crítica a que chegou a segurança pública no Brasil.
A barbárie, segundo as próprias autoridades, teria sido perpetrada por policiais militares insatisfeitos com investigações internas determinadas por comandantes de batalhões da Baixada Fluminense. Antes do massacre, oito policiais do 15º Batalhão já haviam sido presos sob a acusação de matar duas pessoas, degolar uma delas e atirar a cabeça dentro do pátio da unidade.
Tamanha brutalidade dá bem a medida do grau a que chegou o envolvimento de alguns setores das polícias com o crime. À ameaça de que possam vir a responder por sua sombria história de desvios da lei, esses marginais que desonram a farda da PM reagem com atos aterrorizantes, causando estupor na opinião pública brasileira e internacional.
O Brasil vem pagando um preço alto pela ineficiência com que o agravamento do quadro da segurança pública tem sido tratado no país, em que pesem algumas tentativas isoladas de moralização. Envolvidas numa guerra contra bandos de narcotraficantes e facínoras organizados, as instituições policiais não têm sido capazes de evitar a contaminação de muitos de seus representantes pela atividade criminosa.
A situação mostra-se ainda mais inquietante quando se sabe que esse fenômeno também atinge outros escalões do poder público, como já apontaram diversas investigações.
Há uma grande obra a ser realizada na segurança pública do país. Ela não exige apenas os indispensáveis recursos e a companhia de ações de cunho social. Requer coragem, vontade política, capacidade de planejamento e coordenação. Infelizmente, não são características que se encontrem tão facilmente entre nossos políticos e governantes.

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