Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, abril 21, 2005
Dora Kramer:Sua excelência não mora mais ali
Quando mudou seu domicílio eleitoral do Maranhão para o Amapá, o senador José Sarney causou espécie e fez escola. Agora, pelo menos dois políticos de projeção nacional – Ciro Gomes e Anthony Garotinho – pensam em mudar de endereço para concorrer em 2006.
O ministro da Integração Nacional já assume, com idas e vindas, a possibilidade de disputar o governo do Rio de Janeiro, depois de uma carreira dedicada à política do Ceará, onde foi prefeito e governador.
O ex-governador do Rio ainda não dá publicidade ao projeto, mas os que com ele compartilham cogitações políticas sabem de sua idéia de transferir o domicílio, talvez para São Paulo, como medida preventiva a uma eventual inelegibilidade.
Em que hipótese Garotinho poderia ser impedido de concorrer no próximo ano? No caso de o PMDB lhe negar a legenda para concorrer à Presidência da República, como pretende, e ele não poder disputar outro cargo por estar legalmente interditado porque a mulher, Rosângela Matheus, é governadora, e a lei proíbe a candidatura de parentes na mesma circunscrição.
Desse modo, ela poderia continuar até o fim, sem precisar se desincompatibilizar, bem como Garotinho também não precisaria sair do PMDB em setembro (prazo final de filiação para os candidatos em 2006), para não correr o risco de ficar sem alternativa se o partido escolher outro candidato ou mesmo decidir apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio da Silva.
As razões de Ciro Gomes para mudar seu endereço eleitoral não foram até agora explicitadas, nem por ele nem por companheiros seus de governo que incentivam o projeto.
Então, fica-se sem saber se houve algum problema de Ciro Gomes com seus eleitores cearenses, ou até mesmo se não haverá questionamento por parte do eleitor fluminense a respeito da identificação de um candidato migrante de outro estado.
No caso de Garotinho, apresenta-se como razoável a mesma dúvida: oriundo do Norte Fluminense, a vida toda voltado para os assuntos do Rio, que vínculos teria ele com o eleitorado e a vida de São Paulo, por exemplo, se forem mesmo os paulistas os escolhidos para dar-lhe abrigo?
Esse ponto suscita dúvida a respeito dos fatores que levariam o político transferido a ter chance de sucesso na execução de um projeto de representação estadual desprovido de vivência regional. Diferente é o candidato a presidente, cujo foco deve ser o País, independentemente de onde venha.
Só a eficácia da propaganda e a projeção do nome dos candidatos os colocariam na disputa com possibilidade de êxito, o que lhes confere fama e reconhecimento mas não melhora em nada o conteúdo das relações entre representantes e representados.
Ao eleitor de cidades mais desenvolvidas e de população mais bem informada, esse tipo de procedimento provavelmente não cai bem. O eleitorado de origem pode se sentir desprezado e o de destino, invadido.
Não é inócua e por isso mesmo merece um convite à reflexão, essa prática do pára-quedismo eleitoral que, concretizados os projetos em elaboração, será assunto de destaque no pleito de 2006.
Há questões subjacentes à mera mudança de endereço eleitoral. Uma delas é a multiplicação das oligarquias. No momento em que volta à cena o debate sobre nepotismo, convém não esquecer que, tanto Sarney quanto Ciro e Garotinho trançam laços de sangue com o exercício da política.
Com isso, a família Sarney hoje dispõe de um feudo no Maranhão com sucursal no Amapá. Ciro, instalado no Rio, deixaria o irmão prefeito de Sobral fincado no Ceará, e Garotinho manteria no Rio a sede, abrindo em São Paulo (ou outro estado) a filial.
Talvez nenhum dos pontos abordados tenha a menor importância político-eleitoral, mas não custa nada pensar a respeito; mais não seja para quebrar o hábito de aceitar o mal explicado por vergonha de perguntar.
Razão e sensibilidade
O presidente da República oferece “carinho” aos militares que cobram aumento de salário, mostra-se “constrangido” em demitir amigos, sente-se por dever de justiça na obrigação de proteger o ministro Romero Jucá de “insinuações” da imprensa; seus assessores políticos cobram da ministra Dilma Rousseff mais “amabilidade” para com parlamentares amigos e o governo segue assim movido a fartas emoções.
Mas, como nobreza de sentimentos tem limite, quando a motivação política se alevanta, a conversa é outra.
O Governo continua refugando apoio no Senado à emenda constitucional da senadora Heloisa Helena que obriga a criação de uma rede pública de creches para crianças de zero a 6 anos de idade.
Como por divergência ideológica com os petizes e suas mães (as pobres, porque as ricas e remediadas têm com quem e/ou onde deixar os filhos) não deve ser, a resistência só se explica por ato de retaliação à senadora, expulsa do PT e persona non gratíssima nos altos escalões do partido.
Em função do conteúdo da emenda e das peculiaridades do temperamento da autora, qualquer mediano, mas desapaixonado, conselheiro orientaria o Planalto a se desviar desse combate.
O DIA
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