Queda do emprego formal em novembro reforça a urgência de medidas para restaurar a confiança na economia
OS DADOS mais recentes a respeito do mercado de trabalho brasileiro não deixam dúvida: a melhora progressiva evoluiu depressa para uma deterioração.
Dois levantamentos divulgados nos últimos dias retratam essa inflexão. O primeiro foi a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada nas seis maiores regiões metropolitanas do país. Os últimos dados, de novembro, foram divulgados pelo IBGE no dia 19.
O instituto apurou que, de outubro para novembro, a taxa de desemprego -ou seja, a proporção de pessoas dispostas a trabalhar que não encontram ocupação- subiu de 7,5% para 7,6%.
Embora modesto, esse aumento foi significativo. A expectativa era de que em novembro ocorresse uma diminuição do desemprego, associada às contratações de final de ano. A frustração dessa expectativa indicou uma mudança de tendência.
Essa impressão foi reforçada com a divulgação, no dia 22, dos números de novembro do cadastro de empregados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged).
De acordo com esse levantamento, o número de demissões superou o de admissões em quase 41 mil no mês. Foi a primeira vez desde 2002 que o emprego formal teve saldo negativo num mês de novembro.
Enquanto a Pesquisa Mensal de Emprego cobre as principais cidades, o Caged tem abrangência nacional. Ele cobre apenas o segmento formal do mercado de trabalho, o que torna seus resultados de novembro particularmente preocupantes.
A demissão no segmento formal é mais onerosa para o empregador. O fechamento de postos com carteira assinada é indício forte de perda de confiança.
Graças à sua trajetória anterior, o mercado de trabalho ainda exibe números bastante positivos. A taxa de desemprego de novembro, por exemplo, foi a mais baixa já apurada desde que a PME adotou a sua atual metodologia de cálculo -em março de 2002. A criação de empregos formais acumulada nos 11 primeiros meses de 2009 (2,1 milhões) também é recorde.
Mesmo assim, a piora do mercado de trabalho em outubro e novembro foi excepcionalmente abrupta. Os empresários não costumam reagir de imediato -contratando ou demitindo- às mudanças no ritmo das vendas. O período de recuperação do mercado de trabalho que ora parece encerrar-se, por exemplo, teve início em meados de 2004, quando a retomada das vendas já completava um ano.
A guinada no mercado de trabalho agrava os riscos de uma desaceleração mais pronunciada da atividade econômica. Com isso, aumenta a urgência de novas medidas capazes de fortalecer a confiança na economia.
Entrevista:O Estado inteligente
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