Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 20, 2008

O algodão doce melou... -Maria Helena Rubinato


BLOG NOBLAT

Você já foi à Bahia, nego? Não, então vá... E foi o que eles fizeram, os cavalheiros sorridentes, animadíssimos, abbronzati, como diria o Berlusconi que, nesse dia, deve ter pensado: "Furbi! Porque não me convidaram?". Deve ter doído no sempre jovem presidente italiano a farra na Costa do Sauípe, típico programa que ele ia adorar, ainda mais em tão garrida companhia. Mas não há de faltar ocasião para uma nova cúpula, se não de membros da OEA sem EUA, pelo menos de amigos da OLA - Organização dos Latinos Alegres.

Recebemos no Brasil a muy ilustre visita de Castro II. Parecia simpático, não? Cordial, grato pelo convite. Ontem, no entanto, já raspou o verniz e deu um piti quando um jornalista fez a pergunta mais adequada a ser feita a um dirigente cubano: o que ele teria a dizer sobre os dissidentes que Fidel mandou para o paredão? A simpatia e a cordialidade foram para o espaço e ele, irritado, e no tom preferido de uns e outros, vermelho malagueta, respondeu com a educação e gentileza com que os jornalistas "audaciosos" são tratados em Cuba: aos gritos. Audácia que com certeza lá só acontece uma vez.

Quer dizer, Castro II respondeu é modo de dizer. Saiu-se com uma patética história de cinco heróis presos nos EUA. Heróis! Será que ainda vai haver quem acredite em heróis, ou os últimos patetas fomos nós, os da minha geração e desse Castro II? Porque nós nem precisamos olhar os livros de história: em nosso tempo de vida já vimos no que dá o herói que vem para endireitar um país. Passa-se um tempo, o poder vai entrando pela pele do herói e aos poucos ele vai ficando igualzinho ao que tanto odiou.

O ano de 2007 foi fechado pelo Presidente da Republica com um pronunciamento em cadeia nacional, quando ele disse que neste ano de 2008 teríamos "um país extraordinário, com portos, aeroportos, ferrovias, energia para tudo e todos, faculdades saindo pelo ladrão, segurança, empregos, esgotos, moradias, cadeias, celulares de terceira geração". Teríamos, maravilha das maravilhas, a TV Digital e um canal público, uma TV do Estado para apresentar ao distinto público esses fatos assombrosos, com cenários cada vez mais bonitos, e um presidente cada vez mais entusiasmado. Haveria bilhões para tudo isso. Apesar da CPMF que lhe escapara pelos dedos...

Chamei meu artigo de então, datado de 28 de dezembro, dia seguinte da fala do Presidente, de "Por trás das nuvens de algodão doce". Que encerrei assim: "Qual o fato contra esse argumento filho dileto da fé? A classe C está celebrando com a classe A e com a classe B! Adianta dizer alguma coisa? Não creio. O que adianta é dar tempo ao tempo e esperar que o mundo fique bonzinho como tem ficado até agora, para não atrapalhar os sonhos do homem que vive nas nuvens de algodão doce. Tomara que um dia seus sonhos se realizem".

Pois é. O mundo não ficou bonzinho e o algodão doce melou.

E não era do que eu queria falar... Queria escrever palavras de ânimo para os amigos virtuais que fiz ao longo desses três anos e meio em que freqüento o Blog do Noblat. Sim, porque além de noticiar, informar, explicar, abrir nossos olhos, nosso blog é o maior barato: permite que a gente participe, que interaja com a notícia, que palpite, que diga o que vai em nossa alma e em nosso coração. Véspera de Natal, e era do que eu queria falar, nas amizades que embora virtuais, são tão calorosas. Sei onde moram, sei de suas viagens, de seus times favoritos, no que trabalham, se já se aposentaram, preocupo-me quando se ausentam um tempo longo demais, quando há algum problema em suas cidades.

Nem sempre concordamos, ás vezes implicamos (tem um implicante lá no Recife que é um especialista...) e até discutimos, mas nos respeitamos. Os nicks são conhecidos, já fazem parte da personalidade do amigo. Há nicks até com apelido, não é, sarca? Sei dos netinhos e posso garantir, são todos muito lindos, sendo que as meninas estão em franca minoria. Uma é a sobrinha de todos nós, a linda e doce Luana, a Miss Blog do Noblat, para mim sobrinha-bisneta. A outra, mais velhinha, é uma boneca que mora na Espanha e que merece um retrato feito por um pintor espanhol. Os outros são todos rapazes e com cara de sapecas. Prometem.

Era do que eu queria falar, mas o noticiário atropelou meus sentimentos. Quero esquecer essas caras animadas às nossas custas, esquecer a Gabriela que vegeta entre a UNB e o Planalto, quero só pensar que é Natal e que é época de perdão e amor. Vamos lá, mais uma vez: tomara que um dia os sonhos do Presidente da República se realizem. Todos nós, ao contrário do que ele espalha por aí, torcemos por isso, pois queremos o bem de nossos filhos e netos e o nosso bem.

Feliz Natal!

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