Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 27, 2008

MÉXICO EM GUERRA EDITORIAL O GLOBO



27/12/2008

Os números da violência turbinada pelo tráfico de drogas no México são assustadores, e lembram uma guerra civil. Mais de 5.300 pessoas foram mortas em 2008, mais do dobro das 2.477 do ano anterior, em lutas entre os cartéis pelas rotas para o mercado americano e combates com efetivos do Exército e da polícia mexicanos.

Entre 2001 e 2008, houve 5.140 seqüestros registrados, segundo o escritório nacional de defesa dos direitos humanos. Mas, como apenas um em cada quatro casos é relatado à polícia, o número real pode chegar aos 20 mil. Houve um grande aumento dos seqüestros devido às operações militares envolvendo cerca de 40 mil soldados, ordenadas pelo presidente Felipe Calderón, o que levou os criminosos a buscar novas fontes de recursos.

Os grandes problemas mexicanos são a infiltração das forças de segurança pelo crime organizado e o parco treinamento policial. Ambos são, por isso, olhados com grande desconfiança pela população. O especialista Max Morales estima que 85% a 90% das gangues de seqüestradores são chefiadas por policiais ou ex-policiais. Segundo o escritório dos direitos humanos, quase 99% dos crimes ficam sem solução.

Recentemente, um especialista em negociações para a libertação de seqüestrados, o americano de origem cubana Felix Batista, foi ele mesmo vítima do crime na relativamente calma cidade de Saltillo, no estado de Coahuila. Legisladores desse estado enviaram ao Congresso um projeto para alterar a Constituição mexicana e punir com a pena de morte seqüestradores que matarem suas vítimas.

Foi o que aconteceu a uma das mais conhecidas, a jovem Silvia Vargas, de 18 anos, capturada a caminho da faculdade em setembro de 2007, e que se tornou um símbolo das centenas de mexicanos seqüestrados a cada ano. Seu corpo foi encontrado na Cidade do México no início do mês. Seu pai denunciou o que considerou negligência das autoridades, e insinuou que não houve disposição de investigar a fundo o caso, pelo temor de que autoridades dos serviços de segurança e da polícia estivessem envolvidas.

O número de seqüestros no México já ultrapassou em muito o registrado na Colômbia. E é impossível deixar de comparar o que está acontecendo lá com o drama colombiano, no qual uma guerra civil de fato, envolvendo poderosos cartéis das drogas, narcoguerrilhas supostamente de esquerda e paramilitares de direita, quase destruiu o país. O México precisa de apoio da comunidade internacional para que não venha a ter o mesmo destino.

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