Posso apostar que você não sabe o que é um uighur. Lamentável. Mas tome nota: 17 cidadãos dessa minoria muçulmana acabam de ganhar uma parada dura contra George Bush.
Nada que deva ter qualquer influência nas eleições, mas com certeza uma derrota notável para a idéia de que a guerra do atual governo americano contra o terrorismo internacional é tão correta e urgente que justifica estratégias e métodos pouco ou nada democráticos.
Os uighures foram presos por americanos em 2001, no Afeganistão, onde se tinham refugiado fugindo de perseguições na China. Acusados de terrorismo, foram bater na base americana de Guantánamo, em Cuba, e lá estão até hoje. Há anos advogados acionados por grupos defensores dos direitos civis têm procurado libertálos. Acabam de conseguir uma vitória que pode ser modestamente apelidada de histórica.
Um juiz federal, Ricardo Urbina, mandou que fossem soltos e levados para o continente. Bastou para convencêlo o fato singelo de que as autoridades não conseguiram provar que tenham praticado ou planejado qualquer ato terrorista contra os EUA. Se a Casa Branca não conseguir derrubar o habeas corpus, o grupo acabará conseguindo cidadania americana.
Está certo que o futuro de 17 uighures, por maior que tenha sido a injustiça que sofreram, não nos interessa profundamente. Perdão, uighures.
Mas tem bastante importância que esteja indo por terra nos tribunais americanos a teoria do governo Bush de que a guerra ao terrorismo justifica violações das liberdades democráticas — como acontece em Guantánamo.
Um número não revelado de suspeitos de terrorismo, de diversas nacionalidades, está lá há anos, sem julgamento.
Provavelmente muitos são realmente culpados, mas o governo americano não consegue provas ou confissões que justifiquem levá-los aos tribunais. E já foram comprovados — com filmes e fotos — maus-tratos incompatíveis com as tradições democráticas dos EUA.
Enfim, a pior conseqüência da situação em Guantánamo é a desmoralização da própria guerra ao terrorismo.
Há pouco tempo, o governo chegou a admitir que não podia provar que os uighures eram “combatentes inimigos”, definição oficial dos presos em Guantánamo. E se dispôs a mandá-los para qualquer país que os aceitasse. Só conseguiu exportar cinco, e para a Albânia — que talvez não seja o nirvana de qualquer uighur sensato.
O caso é episódio menor na guerra contra o terrorismo.
Mas se inscreve no rol dos atos de incompetência e desrespeito a princípios democráticos elementares cometidos pelo governo Bush nesse conflito — para alegria dos terroristas e seus simpatizantes no mundo todo.
É bastante provável que o tema dos uighures não tenha —ou não precise ter, na opinião dos estrategistas de Barack Obama — peso suficiente para ser usado na campanha eleitoral.
Mas sempre serve para mostrar como é cada vez mais necessária, para o bem dos EUA, a prevalência de novas idéias e novos princípios morais na Casa Branca.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
outubro
(601)
- VINICIUS TORRES FREIRE O porrete e o tapinha do BC
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS Um horizonte mais ...
- Balanço parcial Miriam Leitão
- Uma derrota triunfal NELSON MOTTA
- Uma escolha LUIZ GARCIA
- Menos promessas KEVIN WATKINS
- O GLOBO EDITORIAL, Gasto prioritário
- O GLOBO EDITORIAL, Outro patamar
- Os dólares do Fed Merval Pereira
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Inovação contra a...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Privatização, ape...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, O nó da greve na ...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Posição do Copom...
- DORA KRAMER Civismo pelo avesso
- CELSO MING Reforço contra a crise
- No país da maionese Por Ralph J. Hofmann
- VINICIUS TORRES FREIRE O mundo raspa o fundo do t...
- Fundo caduco Miriam Leitão
- Sonho americano CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- O GLOBO EDITORIAL, Sem limites
- O GLOBO EDITORIAL, Escolha sensata
- Merval Pereira - Surpresas das pesquisas
- Mais um ''esqueleto'' financeiro
- Deputados aperfeiçoaram a MP 442
- A manchete errada Demétrio Magnoli
- O Kosovo da Amazônia Predrag Pancevski
- A dobradinha do Fed com o FMI Rolf Kuntz
- CELSO MING Perto do limite
- DORA KRAMER Ao vencedor, o desmanche
- PODCAST Diogo Mainardi Lula é PMDB
- Schopenhauer e Freud Por Laurence Bittencourt Leite
- Demóstenes Torres - A porta da rua é a serventia ...
- Um futuro político muito duvidoso Por Giulio Sanm...
- VINICIUS TORRES FREIRE O grande feirão de dinheir...
- ALEXANDRE SCHWARTSMAN Contágio e conseqüência
- Miriam Leitão Água e vinho
- O fator econômico Merval Pereira
- O eleitor e os eleitos ROBERTO DaMATTA
- Um tiro no pé de salto alto José Nêumanne
- Como se nada fosse mudar O Estado de S. Paulo EDI...
- Os perigos do e-lixo Os perigos do e-lixo Taman...
- Diplomacia da inconseqüência O Estado de S. Paulo ...
- Virando a mesa Celso Ming
- A hipocrisia e o mito da ''verdadeira América'' R...
- DORA KRAMER O infiel da balança
- Augusto Nunes-Os 1.640.970 do Rio de Janeiro
- Krugman: o círculo que se alarga Paul Krugman
- Krugman: Buscando a seriedade desesperadamente
- O QUE O PT QUERIA E O QUE CONSEGUIU Por Reinaldo A...
- VINICIUS TORRES FREIRE A bordo do trem fantasma
- CLÓVIS ROSSI O fim dos "ismos"?
- Na oposição, PT contestou criação de subsidiárias ...
- Nunca na história deste país... José Pastore*
- Celso Ming - Alívio passageiro
- DORA KRAMER Mudando de Conversa
- ''Lula e PT foram derrotados no domingo''
- O FMI volta à linha de frente O Estado de S. Paul...
- Os salários e a crise O Estado de S. Paulo EDITORIAL,
- A última eleição antes da crise O Estado de S. Pau...
- Miriam Leitão Política na crise
- Adote um vereador ANDREA GOUVÊA VIEIRA
- O partido do movimento LUIZ GARCIA
- Quadro decadente Merval Pereira
- Rubens Barbosa,O PIOR DOS MUNDOS
- Gabeira:"Amanhã, posso voltar a usar bermuda e chi...
- GEORGE VIDOR - Nem pensar
- Desmatamento zero DENIS LERRER ROSENFIELD
- Zerar o déficit e travar os juros PAULO GUEDES
- Crise - onde estamos e para onde vamos Nathan Bla...
- Um Titanic do capitalismo moderno... Marco Antoni...
- Reinaldo Azevedo A CONSPIRAÇÃO DOS 4 MILHÕES DE RI...
- Reinaldo Azevedo A MINHA LISTA PESSOAL DE QUEM GA...
- Rio - Gabeira, um candidato na contramão -Ricardo ...
- Ricardo Noblat -Glossário da eleição de 2008
- Blog Noblat, Pobre cidade linda
- Miriam Leitão 79 anos, estes dias
- Em busca do mercado Merval Pereira
- Pré-sal e etanol, vítimas da crise Merval Pereira
- José Roberto Mendonça de Barros:''A atividade terá...
- Gustavo Loyola,''Aqui a crise é de liquidez e loca...
- DANUZA LEÃO É hoje!
- FERREIRA GULLAR Cidade suja, querida cidade
- RUBENS RICUPERO Moral da crise
- VINICIUS TORRES FREIRE O inferno escancara outra ...
- CLÓVIS ROSSI Funcionário x financista
- Petropopulismo em xeque
- Jogo por jogar Folha de S.Paulo EDITORIAL,
- Joaquín Morales Solá La última amenaza de los Kirc...
- O que dizem as mãos João Ubaldo Ribeiro
- Guetos mentais Daniel Piza
- Transparência zero Suely Caldas*
- Decisão complicada Celso Ming
- Dora Kramer - Rápidas e rasteiras
- Alerta do FMI para a América Latina O Estado de S....
- Nova carta de valores do eleitor Gaudêncio Torquato
- O governo gera a instabilidade Paulo Renato Souza
- O pré-sal fica adiado O Estado de S. Paulo EDITOR...
- Risco maior é a incompetência O Estado de S. Paul...
- Augusto Nunes-SETE DIAS
- Já pensou?(s/comercial da VALE c/Joao Gilberto )
-
▼
outubro
(601)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA