Há certos desejos que são universais. Prova disso é a Declaração de Independência americana, a qual começa mencionando direitos “evidentes”, ou óbvios. Mas, os Estados Unidos não foram construídos sobre essa declaração do óbvio, apesar do seu caráter inspirador, e sim sobre sua Constituição — que só veio a ser redigida mais de uma década depois do manifesto inicial, e que estabeleceu uma estratégia definida para assegurar esses direitos.
O exemplo ilustra que certos anseios gerais sempre encontram eco, especialmente em época de eleição.
Mas a concretização desses anseios depende de grande habilidade, trabalho, persistência e continuidade.
No Rio de Janeiro, os exemplos dessa dicotomia são legião. Aliás, parte da decadência do Estado explicase por certos desejos legítimos terem virado desculpa para um comportamento de acomodação, atalhos e mesmo autonomia que muitas vezes traduzia apenas falta de compromisso com mudanças trabalhosas.
Esse caminho levou à falta de clareza sobre o papel das principais funções do Estado, incluindo segurança, saúde e educação.
Na segurança, alternaram-se períodos de pânico, das classes médias, com conformismo e abandono. Nada é mais eloqüente no filme “Tropa de elite” — passado nos idos do governo Marcello Alencar! — do que o sentimento de que a missão da polícia era obscura, e que não havia controle efetivo. O próprio capitão Nascimento demonstra isso, ao conseguir nomear um substituto despreparado, mas que resolvia seu objetivo pessoal de deixar a tropa.
Considero que a confusão de missões e papéis na função pública mudou bastante no último ano e meio.
Na segurança, a posição firme e equilibrada do governador permitiu que os melhores profissionais do Brasil mudassem a dinâmica do combate ao crime. O tráfico vem sendo debilitado — através da apreensão de armas, trabalho de inteligência e valorização da polícia. A população vem sendo protegida, também com o fim da acomodação com a milícia. As esferas do público e privado começam a se distinguir — o que é o primeiro passo para um estado moderno. O investimento no policial e no equipamento é uma realidade. Há reveses, mas o rumo está dado.
Essas mudanças estão no coração da estratégia econômica e fiscal do Estado. A segurança é um direito de todos — ricos e pobres. Melhorar a segurança física e econômica das pessoas e empresas no Rio é a verdadeira estratégia de atração de investimentos.
Assim como reconhecer que só há um Rio — por mais diverso que ele seja, e que as estratégias têm de se basear nesse valor.
A eliminação da interferência política na área de segurança e da política fiscal é crescentemente percebida pelos agentes econômicos e já traz resultados.
Começamos a ter condição para darmos uma virada econômica e de desenvolvimento segura, com aumento do emprego.
É claro que nada disso é fácil: em muitos casos envolve enfrentar interesses organizados e pode ser explorado contra a ação do governo. Ninguém tem o monopólio do acerto, mas a política salarial, de despesa, e fiscal do governo estadual, por exem plo, mostrou-se correta, inclusive neste momento de turbulência global.
Continuidade e apoio para esse e outros aspectos da estratégia do governo estadual me parecem muito importantes para garantir seu sucesso duradouro.
A falta de continuidade e a fragmentação são alguns dos fatores que mais dificultam mudanças profundas.
A fragmentação política, em particular, tende a minar o impulso e enfraquecer a capacidade de alianças de um governo. Onde há várias correntes em nível local, as forças nacionais, ao invés de verem um bloco que precisa ser levado em consideração no momento das grandes decisões, vêem um conjunto de forças fáceis de manipular e que podem ser atendidas com pouco custo. Em uma federação, esse é um risco muito alto para um estado, principalmente quando não se é o maior e que se depende de políticas nacionais do Executivo e do Legislativo para assuntos que vão do petróleo aos portos, aeexemroportos e investimentos em infraestrutura.
No Rio, isto também mudou recentemente com a articulação de uma estratégia definida pelo atual governo estadual, mas precisa ser consolidado.
Em suma, as perspectivas para o Rio de Janeiro são muito positivas.
O que por décadas foram slogans, marchas, ou motivo de perplexidade, vem se tornando realidade, ou encontrando formas de expressão coerente e que levam a soluções efetivas, em um ambiente de diálogo e democracia. Sempre é agradável ver anseios gerais serem expressos de forma elegante e até divertida, mas, como o governador Sérgio Cabral disse na sua posse, progresso em geral é resultado de 10% de inspiração e 90% de transpiração. E a grande vantagem da democracia é que há formas claras e diretas de expressar apoio a políticas do governo.
Por isso, continuamos no Rio de mangas arregaçadas.
A confusão de missões e papéis na função pública mudou bastante
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
outubro
(601)
- VINICIUS TORRES FREIRE O porrete e o tapinha do BC
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS Um horizonte mais ...
- Balanço parcial Miriam Leitão
- Uma derrota triunfal NELSON MOTTA
- Uma escolha LUIZ GARCIA
- Menos promessas KEVIN WATKINS
- O GLOBO EDITORIAL, Gasto prioritário
- O GLOBO EDITORIAL, Outro patamar
- Os dólares do Fed Merval Pereira
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Inovação contra a...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Privatização, ape...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, O nó da greve na ...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Posição do Copom...
- DORA KRAMER Civismo pelo avesso
- CELSO MING Reforço contra a crise
- No país da maionese Por Ralph J. Hofmann
- VINICIUS TORRES FREIRE O mundo raspa o fundo do t...
- Fundo caduco Miriam Leitão
- Sonho americano CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- O GLOBO EDITORIAL, Sem limites
- O GLOBO EDITORIAL, Escolha sensata
- Merval Pereira - Surpresas das pesquisas
- Mais um ''esqueleto'' financeiro
- Deputados aperfeiçoaram a MP 442
- A manchete errada Demétrio Magnoli
- O Kosovo da Amazônia Predrag Pancevski
- A dobradinha do Fed com o FMI Rolf Kuntz
- CELSO MING Perto do limite
- DORA KRAMER Ao vencedor, o desmanche
- PODCAST Diogo Mainardi Lula é PMDB
- Schopenhauer e Freud Por Laurence Bittencourt Leite
- Demóstenes Torres - A porta da rua é a serventia ...
- Um futuro político muito duvidoso Por Giulio Sanm...
- VINICIUS TORRES FREIRE O grande feirão de dinheir...
- ALEXANDRE SCHWARTSMAN Contágio e conseqüência
- Miriam Leitão Água e vinho
- O fator econômico Merval Pereira
- O eleitor e os eleitos ROBERTO DaMATTA
- Um tiro no pé de salto alto José Nêumanne
- Como se nada fosse mudar O Estado de S. Paulo EDI...
- Os perigos do e-lixo Os perigos do e-lixo Taman...
- Diplomacia da inconseqüência O Estado de S. Paulo ...
- Virando a mesa Celso Ming
- A hipocrisia e o mito da ''verdadeira América'' R...
- DORA KRAMER O infiel da balança
- Augusto Nunes-Os 1.640.970 do Rio de Janeiro
- Krugman: o círculo que se alarga Paul Krugman
- Krugman: Buscando a seriedade desesperadamente
- O QUE O PT QUERIA E O QUE CONSEGUIU Por Reinaldo A...
- VINICIUS TORRES FREIRE A bordo do trem fantasma
- CLÓVIS ROSSI O fim dos "ismos"?
- Na oposição, PT contestou criação de subsidiárias ...
- Nunca na história deste país... José Pastore*
- Celso Ming - Alívio passageiro
- DORA KRAMER Mudando de Conversa
- ''Lula e PT foram derrotados no domingo''
- O FMI volta à linha de frente O Estado de S. Paul...
- Os salários e a crise O Estado de S. Paulo EDITORIAL,
- A última eleição antes da crise O Estado de S. Pau...
- Miriam Leitão Política na crise
- Adote um vereador ANDREA GOUVÊA VIEIRA
- O partido do movimento LUIZ GARCIA
- Quadro decadente Merval Pereira
- Rubens Barbosa,O PIOR DOS MUNDOS
- Gabeira:"Amanhã, posso voltar a usar bermuda e chi...
- GEORGE VIDOR - Nem pensar
- Desmatamento zero DENIS LERRER ROSENFIELD
- Zerar o déficit e travar os juros PAULO GUEDES
- Crise - onde estamos e para onde vamos Nathan Bla...
- Um Titanic do capitalismo moderno... Marco Antoni...
- Reinaldo Azevedo A CONSPIRAÇÃO DOS 4 MILHÕES DE RI...
- Reinaldo Azevedo A MINHA LISTA PESSOAL DE QUEM GA...
- Rio - Gabeira, um candidato na contramão -Ricardo ...
- Ricardo Noblat -Glossário da eleição de 2008
- Blog Noblat, Pobre cidade linda
- Miriam Leitão 79 anos, estes dias
- Em busca do mercado Merval Pereira
- Pré-sal e etanol, vítimas da crise Merval Pereira
- José Roberto Mendonça de Barros:''A atividade terá...
- Gustavo Loyola,''Aqui a crise é de liquidez e loca...
- DANUZA LEÃO É hoje!
- FERREIRA GULLAR Cidade suja, querida cidade
- RUBENS RICUPERO Moral da crise
- VINICIUS TORRES FREIRE O inferno escancara outra ...
- CLÓVIS ROSSI Funcionário x financista
- Petropopulismo em xeque
- Jogo por jogar Folha de S.Paulo EDITORIAL,
- Joaquín Morales Solá La última amenaza de los Kirc...
- O que dizem as mãos João Ubaldo Ribeiro
- Guetos mentais Daniel Piza
- Transparência zero Suely Caldas*
- Decisão complicada Celso Ming
- Dora Kramer - Rápidas e rasteiras
- Alerta do FMI para a América Latina O Estado de S....
- Nova carta de valores do eleitor Gaudêncio Torquato
- O governo gera a instabilidade Paulo Renato Souza
- O pré-sal fica adiado O Estado de S. Paulo EDITOR...
- Risco maior é a incompetência O Estado de S. Paul...
- Augusto Nunes-SETE DIAS
- Já pensou?(s/comercial da VALE c/Joao Gilberto )
-
▼
outubro
(601)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA