Como era esperado, as bolsas de valores despencaram ontem, no mundo inteiro, reagindo à divulgação dos prejuízos do Citigroup - aliás, menores do que se previra - e das más notícias sobre o varejo nos Estados Unidos. O mercado financeiro já despertou de mau humor, com a expectativa de novos sinais de crise na maior potência econômica. A recessão já pode ter começado ou está muito próxima, comentava o ex-presidente do Fed Alan Greenspan, numa entrevista publicada pelo Wall Street Journal. Mas, apesar desse quase consenso, ainda seria possível encontrar uma avaliação mais animadora, e sustentada com bons argumentos, num artigo do comentarista de assuntos econômicos, Anatole Kaletsky, publicado no dia anterior no Times de Londres e reproduzido hoje no Estado. O pior do arrocho de crédito, segundo o articulista, já deve ter passado, e uma recessão nos EUA, nesta altura, é altamente improvável.
A maior parte dos analistas e operadores do mercado financeiro certamente deu pouca atenção aos comentários de Kaletsky. Tinham à disposição, como nos dias anteriores, um cardápio de más notícias. Em dezembro, as vendas do comércio varejista nos EUA caíram 0,4%. Os especialistas haviam estimado uma queda bem menor, de 0,1%. As contas do Citigroup mostraram prejuízo de US$ 9,83 bilhões no quarto trimestre de 2007 e baixas de US$ 18,1 bilhões em seus ativos. Esperava-se algo pior, um corte de até US$ 24 bilhões, mas, ainda assim, os números foram suficientemente ruins para alimentar o mau humor. Nem as notícias de grandes aportes ao banco - incluídos US$ 6,88 bilhões do fundo soberano de Cingapura - ajudaram a atenuar o pessimismo.
Mas vale a pena dar uma espiada no lado menos sombrio do cenário. Todos conhecem os argumentos de quem aposta numa recessão ou pelo menos numa forte desaceleração da economia americana. Os bancos já apertaram o crédito e tendem a mantê-lo arrochado nos próximos meses. Os consumidores americanos ou estão quebrados ou inseguros demais para voltar às compras. As perspectivas de aperto devem refletir-se nas decisões de investimento dos empresários, e assim por diante. Mas quem rejeita essa visão catastrófica também pode enumerar razões de peso, e Anatole Kaletsky oferece uma lista respeitável de argumentos contra a corrente.
Dentro de um mês e meio todos os grandes bancos terão apresentado seus balanços, indicado suas perdas e adotado políticas de capitalização. O mercado terá uma visão muito mais clara dos estragos financeiros e isso facilitará a estabilização dos negócios. Além disso, os spreads dos empréstimos interbancários já voltaram à normalidade e isso é um bom sinal. Se, no entanto, o mercado tiver dificuldade para promover o ajuste, as autoridades monetárias provavelmente lançarão um plano B. Se o cenário continuar ruim, os governos dos Estados Unidos e da União Européia intervirão para evitar maiores danos.
"Não haverá recessão nos Estados Unidos", sustenta o colunista. Apesar de tudo, os juros americanos continuam muito baixos e, além disso, a chefia do Federal Reserve já indicou a disposição de cortar as taxas agressivamente, se isso for necessário, para reativar a economia. Aliás, nesse ponto de seu artigo Anatole Kaletsky não faz mais que mencionar uma notícia amplamente divulgada e até citada ontem por analistas americanos enquanto as bolsas caíam.
Além do mais, as ações de muitas boas companhias estão muito baratas e atraentes, o que estimulará a recuperação das bolsas em todo o mundo, mesmo na hipótese de uma severa desaceleração econômica no início do ano.
São argumentos obviamente sensatos, mas a sensatez e a ponderação raramente prevalecem quando os mercados são atingidos por grandes ondas de pessimismo ou, inversamente, de exaltação. Haveria motivos muito mais sérios para temor se as autoridades fiscais e monetárias estivessem olhando para outro lado ou recusando-se a intervir nos mercados. Mas a disposição do presidente do banco central americano foi por ele declarada e reiterada de forma inequívoca. Além disso, não há muitas dúvidas sobre o anúncio de estímulos fiscais à reativação econômica, quando o presidente George W. Bush apresentar sua mensagem anual ao Congresso
Entrevista:O Estado inteligente
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