Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 12, 2008

Tecnologia As TVs foram o destaque na maior feira de eletrônicos

Esta é gigante

As TVs retornam à vanguarda da inovação, com
telas imensas (ou finíssimas) e o conteúdo da web


Carlos Rydlewski

A proporção é real
Na montagem, o bebê (à esq.) mal alcança o pedestal da tela de 150 polegadas, a maior do mundo, apresentada na última semana em Las Vegas

Para um aparelho cuja obsolescência foi decretada há tempos, o televisor está mostrando uma incrível vitalidade. Sob a ótica da inovação, ele hibernou mesmo por décadas. Mas várias amostras do atual arrojo dos fabricantes foram oferecidas na semana passada, em Las Vegas. A empresa japonesa Panasonic apresentou na maior feira de produtos eletrônicos do planeta, a Consumer Electronics Show (CES), um protótipo gigante de plasma. Ele tem 150 polegadas. É o maior do mundo. Superou com folga um modelo com 103 polegadas, também de plasma, que a mesma companhia lançara dois anos atrás. Pesa 220 quilos e as imagens na tela são formadas por quase 9 milhões de pequenos pontos, os pixels. A resolução do equipamento, que deve ser vendido para uso em shows a partir de 2009, supera em quatro vezes a dos televisores existentes nas lojas. O preço ainda não foi definido.

Para obter imagens mais nítidas, a Toshiba embutiu o mesmo chip do PlayStation 3 em um televisor. Já a parceria entre as empresas LG e Philips mostrou que as telas do futuro serão bem mais finas que as atuais. Em Las Vegas, as companhias apresentaram o protótipo de um "papel eletrônico", com 14,3 polegadas e tecnologia Thin Film Transistor (TFT). A telinha é tão fina quanto uma folha de papel, flexível, à prova d’água e reproduz milhões de cores. As duas empresas também exibiram um televisor de 52 polegadas com tela sensível ao toque (touch screen). É um iPhone que tomou fermento. Tem sensores que reconhecem dois pontos de toques simultâneos na superfície do aparelho. Para demonstrarem as potencialidades do seu televisor, a LG e a Philips usaram o protótipo para acessar o Google Earth. Clara evidência de que a salvação tecnológica do televisor está na sua associação com os computadores e na possibilidade de acessar conteúdos diretamente da internet.

Tão fina quanto o papel
Anunciada em 2007, a tela flexível foi mostrada na semana passada. Da espessura do papel, ela reproduz 16,7 milhões de tons de cores

A indústria já investe nessa associação com a rede mundial de computadores. A Panasonic anunciou na semana passada que vai criar uma linha de televisores com fácil conexão com o YouTube e o site de armazenamento de fotos Picasa, ambos do Google. A Sharp e a Samsung seguem o mesmo roteiro. Vão ligar seus aparelhos a serviços de meteorologia, cotações de ações e esportes, baixados diretamente da web, sem a intermediação de computadores. Todas essas novidades não chegarão às lojas tão cedo. Mas não devem ser vistas como mera exibição de músculos dos fabricantes. Elas retratam uma corrida tecnológica de rumo já previsto, mas cujo ritmo de evolução surpreende. A razão disso está principalmente na prontidão dos consumidores para pagar por novidades atraentes, aquelas de que o comprador nem sabia que tinha necessidade.

O exemplo clássico disso é a TV digital de alta definição, HDTV. As pessoas reclamam do conteúdo da televisão, mas, desde o advento da cor, a qualidade da imagem não deixa a desejar. Nem por isso a marcha da HDTV rumo às salas das casas diminuiu seu passo. As transmissões analógicas de TV serão interrompidas em fevereiro de 2009 nos Estados Unidos. No Brasil, a eliminação definitiva do sinal analógico ocorrerá em 2016. A "obsolescência programada" do televisor analógico está reavivando a indústria de aparelhos de televisão e quem vai ditar o ritmo da substituição dos televisores é o público – e, pelo que se pode prever, ele será frenético. Diz Brad Anderson, presidente da Best Buy, rede varejista americana de eletrônicos: "O risco é não conseguirmos atender à demanda por novidades".

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