O presidente do Fed, o banco central americano, Ben Bernanke, pediu que o socorro econômico venha rápido e marque data para ir embora. Os dois pedidos têm o mesmo objetivo: tirar rapidamente a economia americana da situação em que está. Se o pacote continuar demorando, não fará efeito; se for por tempo indeterminado, não será eficiente.
Se a oferta de subsídio for por tempo indeterminado, não terá o efeito de antecipar decisões de consumo e de reorganização financeira das famílias. Será inútil. Se o pacote demorar muito a ser anunciado, a situação econômica vai se deteriorar tanto que formará o círculo vicioso da recessão. Por isso, Bernanke fez os dois pedidos: pacote já, e com prazo para acabar. Presidentes de bancos centrais regionais, nos EUA, estão subindo o tom: falam de queda livre da economia e de que outros cortes de juros serão necessários.
Ben Bernanke pediu pressa nas medidas fiscais, pois sabe que as decisões que estão sob sua batuta demoram a fazer efeito. O economista Alexandre Schwartsman, exdiretor do Banco Central, hoje no ABN Amro, lembra que as reduções das taxas de juros não farão efeito agora.
— Apesar de elas terem começado a cair em agosto, a queda é lenta e só fará efeito mais para o fim do ano, talvez em 2009.
O pacote está sendo costurado com uma lista de bondades, que vão de redução de impostos a incentivos diretos ao consumo. Enquanto isso, o tema tem esquentado na campanha eleitoral. Os candidatos democratas já apresentaram um resumo das idéias que aplicariam se estivessem no poder. A senadora Hillary Clinton formulou uma proposta de um pacote de US$ 70 bilhões; o senador Barack Obama foi além e propôs US$ 75 bilhões.
O plano de Hillary tem cinco pontos: criar um fundo de crise de US$ 30 bilhões para ajudar estados e cidades na redução dos efeitos das ações de despejo; 90 dias de suspensão dos despejos e congelamento dos juros das hipotecas de alto risco (subprime) por cinco anos; US$ 25 bilhões de ajuda às famílias para pagar a conta de luz; acelerar e ampliar um plano de eficiência energética e de criação de empregos na área de energia alternativa; investir mais US$ 10 bilhões no seguro desemprego. Com isso, segundo a senadora, 37 milhões de americanos seriam atendidos pelo plano.
Obama planeja mais distribuição direta de dinheiro: cortar US$ 250 do imposto de renda dos trabalhadores; conceder um bônus da previdência, temporário, para idosos, de US$ 250; dar outro corte no imposto e outro bônus do mesmo valor aos idosos se a situação piorar; um plano imediato de R$ 10 bilhões para evitar as ações de despejo; ajudar os estados mais atingidos; ampliar o seguro desemprego.
Os planos dos republicanos sempre contêm cortes de impostos e algum tipo de socorro aos atingidos pelo sinistro da casa própria.
Alexandre Schwartsman acha que os planos mais eficientes serão os que forem focados em ajudar a renegociação da hipoteca.
— Ajuda para pagar a conta de luz é menos eficiente que o socorro no problema hipotecário. O plano terá alguma forma de corte de impostos e aumento de gastos, mas, qualquer que ele seja, o governo americano se dará conta de que a situação é bem menos confortável agora que no 11 de Setembro.
Naquela época, o governo estava com superávit fiscal, e agora está com déficit. Isso ensina que nada como manter as contas em ordem para enfrentar os momentos de incerteza — diz ele.
O plano deve ser anunciado no fim do mês, mas estão havendo negociações entre democratas e republicanos para a aprovação das medidas. A reação dos democratas é à transformação em permanente do corte de impostos aprovado logo após o 11 de Setembro. Eles consideram que aquele corte beneficiou mais os ricos.
Ontem, Bernanke pediu pressa porque os sinais de recessão estão ficando cada vez mais visíveis. Caiu 14% o nível de construções novas em novembro, segundo dado divulgado ontem. É o menor número em 16 anos. A Merrill Lynch anunciou outro rombo.
Fechou o quarto trimestre de 2007 num vermelho de US$ 10 bilhões; isso depois de outros US$ 8 bilhões de prejuízo no trimestre anterior.
O temor é de que a onda de inadimplência dispare também nos cartões de crédito.
Os bancos já começaram a reportar perdas e inadimplência no crédito via cartão.
— Os americanos descarregam seus gastos em cartões de crédito, e existem derivativos baseados em recebíveis dos cartões — lembra Alexandre.
Não é a primeira vez — nem a última — que a economia americana entra em crise e precisa daquele remédio que, quando foi aplicado às economias emergentes, eles chamavam de “resgate”.
Agora eles é que precisam ser resgatados. O resgate das instituições símbolos do mercado financeiro tem vindo dos novos poderosos: os fundos soberanos de países árabes e asiáticos.
O socorro para a sua própria economia virá do Tesouro americano, emissor da moeda ainda usada como referência no mundo.
Não deixa de ser curioso, porém, que eles usem e proponham, sem cerimônia, remédios que condenariam se usássemos: aumentar gastos públicos e dar benefícios fiscais quando o país está com déficit público.
Nada como ser a primeira potência; ainda que decadente, em recessão e com a moeda desvalorizada.
Entrevista:O Estado inteligente
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