Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, janeiro 15, 2008

Jamais caímos no 171 homicida de Chávez

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É, tenho certo orgulho da relação que mantenho com meus leitores. Não caímos no truque aqui, certo? Em nenhum momento, neste blog, pôs-se uma virgula na frase para engatar uma conjunção adversativa e condescender com um “mas” para Hugo Chávez, reconhecendo que, afinal, ele estava sendo eficiente. O que se disse aqui desde o começo é que ele se tornava sócio dos seqüestros — e, agora se vê, ele é parte da cadeia da ação das Farc: elas roubam as pessoas de sua vida numa ponta do processo e, na outra, o coronel se oferece para “libertá-las”.

O que o caso de Clara Rojas e de seu filho, espetacularizado até o limite da indecência mundo afora, faz é cobrir a ação terrorista com o véu diáfano da fantasia humanista. Não se percebia — ou se percebia: falo abaixo — que, ao se dramatizar excessivamente essa história em particular, outras 799 aguardavam detalhamento no campo de concentração mantido pelos terroristas. Cansei de ler nos jornais e sites brasileiros e estrangeiros a “vitória de Chávez”. Alguns, vá lá, faziam tal constatação com uma nota de lamento; outros, exultavam mesmo: era, diziam, uma lição de “diálogo” dada ao “direitista” Álvaro Uribe.

Tudo isso é só engano, inocência? Também é. Mas se trata de alinhamento ideológico mesmo. Sim, a América Latina é hoje uma espécie de museu das utopias regressivas que matam. Observem como dificilmente se lê um texto em que as Farc são condenadas sem restrições e “poréns”. Ainda hoje, o vagabundo moral sente a inevitável necessidade de, primeiro, criticar as injustiças sociais da Colômbia e o conservadorismo de Uribe para, só então, condenar os métodos dos terroristas. Mais ainda: censuram-lhe a forma de "luta", mas acham a causa justa.

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