O Estado de S. Paulo |
10/1/2008 |
A Tata Motors, da Índia, está lançando hoje o chamado carro popular, para ser vendido a US$ 2,5 mil, ou R$ 4,4 mil ao câmbio de ontem. É o preço no Brasil de um televisor LCD ou de um bom computador. Há meses, os especialistas vêm prevendo uma revolução no mercado. As grandes montadoras de veículos entenderam que o futuro passa pelo sucesso do carro popular. Elas aproveitam a ascensão dos países emergentes, especialmente os da Ásia, que todos os anos vêm abrindo cerca de 50 milhões de postos de trabalho. Um grande número de produtos é vendido a preços cada vez mais baixos: computadores, celulares, DVDs, câmeras fotográficas, passagens aéreas. Parece ter chegado a vez do automóvel. Há algumas semanas, o presidente da Renault-Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, advertiu que o futuro da indústria será desafiado por veículos de US$ 2,5 mil a US$ 3 mil. A montadora que não atender a esse segmento pode morrer. O carro da Tata Motors, que está sendo mostrado hoje, é um carro despojado, provavelmente ainda mais do que o pé-de-boi Gordini, que a Willys produziu no Brasil junto com a Renault nos anos 60. Movido por um motor de 650 cm³, provavelmente não desenvolverá mais do que 100 quilômetros por hora e será capaz de percorrer quase 30 km com 1 litro de gasolina. Se fosse vendido a crédito no Brasil, talvez a prestação mensal saísse por menos de R$ 100. A novidade está sendo apresentada como o maior passo em direção à democratização do automóvel depois do Fusca, também um carro popular. Trata-se de garantir às camadas inferiores da pirâmide do consumo o acesso a um produto tido como realizador de sonhos. Mas essa democratização levanta questões graves ainda não suficientemente debatidas. Não se trata de assacar o preconceito elitista de que o povão tem mesmo de gramar, mas de conferir as conseqüências do modelão ocidental vigente que, um tanto simplificadamente, pode ser enunciado como o de enfiar um carro em cada garagem (doméstica). Uma dessas questões está em se saber se o transporte deve ser proporcionado preferencialmente pelo automóvel ou por veículos de massa (metrô, trem, ônibus, etc.). Ou, perguntando de outro jeito, até que ponto é possível conciliar o desenvolvimento do transporte individual com o coletivo? Desde a Renascença, as opções econômicas e culturais no Ocidente foram ampliar as soluções individuais. Vai ser difícil inverter essa onda. A IBM apostou nos computadores de massa (mainframes) e perdeu a parada porque o mercado preferiu a rede de computadores individuais. E o telefone público está sendo substituído pelo individual. Se o segmento de transportes caminhar nessa direção, pelo menos três conseqüências sérias terão de ser enfrentadas: a ocorrência de gigantescos congestionamentos de trânsito que paralisarão as cidades; a crescente demanda por combustíveis que empurrará para cima os preços do petróleo ou de eventuais sucedâneos; e o aumento da poluição ambiental. Nem o mercado nem o Estado têm solução para isso. Confira Fantasma - A economia vai bem, mas o risco de apagão do sistema elétrico aumentou. Seguem-se os desmentidos, mas é a primeira vez que as termoelétricas são acionadas na estação das chuvas para economizar água dos reservatórios. E isso tem significado. Mais prudente do que queimar petróleo nas termoelétricas seria adotar imediatamente um plano de redução do consumo de energia, como o praticado em 2001 pelo então ministro Pedro Parente. Mas, nesse caso, seria preciso fechar os ouvidos à queixa das distribuidoras de que perderão faturamento. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, janeiro 10, 2008
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