O Estado de S. Paulo |
9/1/2008 |
Olha aí mais uma corrida do ouro, a desmentir lord John Maynard Keynes, um dos maiores economistas do século passado. Para ele, o ouro era uma “relíquia bárbara”. Nas discussões de Bretton Woods (1944), quando os países aliados preparavam a reordenação econômico-financeira do mundo, Keynes chegou a afirmar que o melhor que poderia acontecer seria juntar todo o ouro existente no planeta, metê-lo num navio e afundá-lo numa fossa abissal dos oceanos. Foi um palpite visionário que não levou em conta que os avanços tecnológicos dos anos seguintes seriam capazes de garantir o resgate do tesouro naufragado e, mais cedo ou mais tarde, alguém traria de volta à tona essa carga. Keynes perdeu a parada em Bretton Woods e ficou consagrado o retorno do padrão-ouro, defendido pelo rival Dexter White. Os Estados Unidos se comprometeram então a entregar uma onça-troy (31,104 gramas) de ouro a cada US$ 35 que fossem apresentados ao Tesouro americano. Mas esse câmbio não durou muito. O governo americano gastou demais, passou a emitir papel verde para pagar suas contas até que o economista Jacques Rueff convenceu o presidente francês Charles de Gaulle a apostar contra o dólar e a trocar as reservas na moeda americana por ouro vivo. Em 1971, o presidente americano Richard Nixon acabou com a paridade e os preços ficaram soltos, como estão até hoje. O ouro continua sendo um metal de pouca utilidade. Serve para enfeitar nossas mulheres, para produzir boas próteses dentárias e tem lá alguma serventia na indústria eletrônica. Não pode ser considerado commodity, como o são metais menos nobres, como o alumínio, o cobre e o zinco. Mas continua exercendo uma atração bárbara, especialmente quando o mercado financeiro é tocado mais a medo do que a razões técnicas, como agora. O estouro da bolha das hipotecas podres (subprime) acionou velhos instintos. Percorre a espinha dorsal do mercado financeiro mundial a sensação de que já não existe segurança. Os juros achatados não compensam a inflação que corrói as aplicações financeiras. O dólar vai derretendo patrimônios. E risco é risco. A simples necessidade de diversificação de carteira de investimentos está empurrando mais gente para o ouro, cujos estoques crescem apenas marginalmente, porque a produção não é superior a 2,5 mil toneladas por ano. Ontem, os preços quebraram o recorde histórico e foram ancorar nos US$ 878 por onça-troy. Nos últimos dez anos, a cotação mais baixa foi de US$ 250 por onça-troy, registrada em 1999. Apenas no ano passado, a valorização foi de 31%. Parte dessa alta reflete a desvalorização do dólar em relação a quase tudo e não o aumento da demanda. Mas há notícias de que certos bancos centrais vêm preferindo empilhar barras de ouro a converter todas as reservas em títulos do Tesouro dos Estados Unidos. É tal a disparada dos preços que os analistas já se estão perguntando para quando se deve esperar a marca dos US$ 1 mil por onça-troy. Se os bancos centrais dos países ricos continuarem a derrubar os juros para enfrentar a crise e tentar reverter a ameaça de recessão, as condições para a escalada do ouro ficarão reforçadas. Confira Dupla carga - Para o consumidor, não haverá tão cedo a troca da CPMF pelo aumento do IOF. Segundo o ministro Guido Mantega, tudo não passou de “troca de seis por meia dúzia”. Mas a tungada maior da CPMF não estava na conta bancária; estava embutida nos preços das mercadorias. A extinção da CPMF não eliminou esse custo fiscal. Ele continua lá. Apenas o tempo e a competição dos mercados conseguirão extirpar esse peso morto dos preços. Enquanto isso, o contribuinte vai pagando as duas contas. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, janeiro 09, 2008
Celso Ming - O medo empurra o ouro
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