Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 19, 2008

Automóveis O último bastião dos beberrões de combustível

Todos admiram os verdes...

...mas os americanos ainda preferem os beberrões.
No Salão de Detroit, o destaque são as enormes picapes


Rafael Corrêa

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O Salão de Detroit, a maior exposição da indústria automobilística americana, abriu as portas na semana passada com um número recorde de carros ecologicamente corretos. Note-se que os fabricantes se convenceram de que, no futuro próximo, os automóveis em todo o mundo terão de rodar com menos gasolina, com combustíveis alternativos ou movidos a eletricidade. Essa é a forma de diminuir a dependência do petróleo, cada vez mais caro, e ao mesmo tempo combater o aquecimento global. Os dois lançamentos mais celebrados do Salão de Detroit, porém, nada têm de verdes. São duas enormes picapes, daquelas com formas ameaçadoras e uma sede insaciável de gasolina. A primeira é a nova versão do Ford F-150, há 26 anos o carro mais vendido nos Estados Unidos. De acordo com a Ford, ele ficou mais espaçoso e potente – mas roda apenas 8 quilômetros com 1 litro de combustível. O segundo lançamento que mais atraiu as atenções no salão foi a versão 2009 da picape Ram, da Dodge, subsidiária da Chrysler, também vendida no Brasil, que faz 8,5 quilômetros por litro.

Se a tendência dos novos carros é em direção ao verde, por que as fábricas apostam suas principais fichas em modelos beberrões? Não é difícil entender. Embora os consumidores americanos achem chiques os carros ecológicos, e as vendas do híbrido Prius, da Toyota, tenham aumentado 70% em 2007, a maioria dos motoristas americanos ainda prefere carros potentes e gastadores. Há sinais de mudança nesse cenário. As vendas de picapes caíram 6% no ano passado e, prevêem os analistas, devem cair 10% neste ano. Mas os carrões ainda são a principal fonte de lucro da indústria automotiva americana. Cada picape vendida dá um lucro de até 10 000 dólares às fábricas. No caso dos carros pequenos, como o Honda Fit, a margem de lucro é de 300 dólares. Em dezembro passado, o governo George Bush deu um prazo aos veículos beberrões. O presidente assinou uma lei estabelecendo que, até 2020, a média de consumo da frota do país deve cair dos atuais 10,6 quilômetros rodados por litro de combustível para 14,9 quilômetros por litro. Agora, ou as fábricas adaptam seus carrões a esses parâmetros, ou os consumidores americanos decidem por conta própria dirigir carros mais econômicos.

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