Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, novembro 02, 2007

VEJA Carta ao leitor

No reino de "El Supremo"

Anderson Schneider
Schneider e Schelp, em Caracas: o desvario de Chávez visto pela ótica de dez cidadãos venezuelanos

O presidente venezuelano Hugo Chávez é um espécime assustador para quem é obrigado a viver sob seu jugo e exemplar do ponto de vista da ciência política. Ele ilustra em tempo real como é possível destruir a democracia transformando em veneno os próprios ritos democráticos. Outros já o fizeram em tempos idos e latitudes mais frias. Foi assim com Adolf Hitler, na Alemanha, para ficar no caso mais vistoso. Sentado numa montanha de petrodólares, armado até os dentes e com o Legislativo e o Judiciário na coleira, Chávez é um narcisista que não mede esforços liberticidas para eternizar-se no poder. O estrago feito na Venezuela por "El Supremo" foi constatado, em Caracas, pelo editor Diogo Schelp e pelo fotógrafo Anderson Schneider. Na reportagem que começa na página 86, eles mostram, por meio das histórias de oito pessoas que tiveram a vida abalada pelo que já pode ser chamado de ditadura chavista, como o desvario ideológico se infiltrou no cotidiano daquele país.

Um dos relatos mais tocantes é o de Angela Beatriz Sposito Falcón, de 20 anos, vítima de perseguição na universidade em que cursa psicologia. Filha de um ex-funcionário da companhia estatal de petróleo que se exilou depois de participar de uma greve contra Chávez, ela não tem acesso aos benefícios concedidos aos estudantes e está na lista negra do Ministério da Educação. Ao mesmo tempo, quem adere ao chavismo sobe rapidamente na vida, como demonstram duas histórias que também constam da reportagem. Ao fim e ao cabo, o "socialismo do século XXI" do caudilho venezuelano repete como farsa o socialismo do século XX. Felizmente, no Brasil, as tentações autoritárias da esquerda não encontraram terreno propício para vingar. Mas, por mais distantes que estejamos da nação vizinha no plano institucional, é bom não descuidar. Na América Latina, continua valendo o velho mote de que o preço da liberdade é a eterna vigilância. Os venezuelanos se descuidaram. Deu em Chávez.

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