Como portos caros e vagarosos limitam
o avanço do comércio internacional e
tolhem o desenvolvimento do Brasil
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A palavra logística foi usada pela primeira vez no século XVIII por estrategistas militares. Nos últimos anos tornou-se um conceito fundamental na economia civil. A palavra engloba os processos de transportar e armazenar mercadorias. Da boa logística dependem a preservação e a manutenção da qualidade dos produtos. A logística não deve aumentar em demasia o preço de um produto e tem de ser eficiente o bastante para não frustrar as expectativas do consumidor por qualidade e presteza na entrega. A explosão do comércio mundial, na última década, colocou a logística no centro das preocupações dos planejadores. Não basta fabricar um produto de boa qualidade e a um preço competitivo. É preciso entregá-lo em condições perfeitas, no prazo estipulado e a custos cada vez mais baixos. Um estudo recente do Banco Mundial analisou os portos de 150 países e revela a crescente predominância da logística nos nichos mais competitivos do comércio global. O lugar do Brasil no cenário traçado no documento é incompatível com o grau de modernidade e dinamismo de sua economia. A infra-estrutura do país está a anos-luz da dos países desenvolvidos e perde em eficiência e custo para todos os seus principais competidores diretos. Em Cingapura são necessários apenas três dias para desembarcar um contêiner ao custo unitário de 311 dólares. Isso é logística de ponta. No Brasil, esse processo consome duas longas semanas e custa 1145 dólares. Enquanto Cingapura processa quatro contêineres, o Brasil processa um. Os mesmos quatro contêineres são internalizados em Cingapura por quase o mesmo preço de um único deles no Brasil.
O estudo "Connecting to compete" (Conectar para competir), feito em parceria com associações do setor de frete marítimo e logística, resultou em um ranking que levou em conta critérios como eficiência, burocracia, confiabilidade e custos da logística em cada um dos países analisados. Cingapura foi o país mais bem avaliado. O Brasil ficou na 61ª posição, atrás de China, Chile, Índia, Argentina, México, Vietnã e Peru, entre outros. A colocação brasileira não surpreende, mas decepciona. Como diz o estudo, em um mundo extremamente competitivo, infra-estrutura é fator decisivo para uma empresa fazer ou não um novo investimento em determinado país. Um sistema de logística caro e ineficiente representa uma barreira a mais.