Motoristas reclamam, mas Nova York se adapta
aos táxis com GPS e pagamento com cartão
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Contra o GPS: taxistas não querem o aparelho, que "invade" sua privacidade |
O turista que já quis tomar um táxi em Nova York provavelmente: 1) abanou o braço inutilmente para carros vazios; 2) quando conseguiu parar um, deparou com um motorista que ou não fala inglês (em 2000, 82% eram estrangeiros) ou não entende uma palavra do que o estrangeiro diz; 3) pôs, sozinho, todas as malas no porta-malas; 4) pagou a tarifa do taxímetro sem acrescentar gorjeta e... não, nem o mais destreinado visitante se atreveria a tanto. Pois aqueles que passaram por tudo isso e sobreviveram agora podem comprar mais duas brigas com o taxista: dar palpite no trajeto e pagar com cartão de crédito. O incansável prefeito Michael Bloomberg determinou que os 13.000 táxis amarelos da cidade devem ter, até 31 de março do próximo ano, um monitor dotado de GPS, acessível ao passageiro, e terminal para pagamento com cartão. O sistema começou a ser instalado em junho e já existem eTaxis, como são chamados, circulando na cidade. Mas parte dos 41.000 motoristas cadastrados resiste à novidade. Fizeram até duas greves contra ela. "Nós estamos sendo rastreados. É como se o FBI estivesse nos vigiando. Trata-se de um desrespeito à nossa auto-estima, dignidade e condição de seres humanos", esbraveja o motorista Bill Lindauer.
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Máquinas da discórdia: o prefeito mandou |
Há argumentos um pouco menos estapafúrdios. Das 660 000 pessoas transportadas todos os dias, 74% vão de casa para o trabalho, e vice-versa; só 6% das corridas começam nos aeroportos ou pontos fora da ilha de Manhattan. "Os passageiros não precisam do GPS. Eles sabem aonde estão indo", defende Lindauer. Os motoristas do contra também reclamam dos terminais de cartão de crédito, tanto pela taxa cobrada pela operadora quanto pelo fato de o sistema sair do ar com certa freqüência, o que os obrigaria a transportar o passageiro, sem custo, até o caixa eletrônico mais próximo (alguém se arriscaria?). Como quem pára fica sem ganhar, o movimento anti-GPS está perdendo força. Mesmo de má vontade os motoristas vão se adaptando e o GPS entra para a lista de intervenções da gestão Bloomberg. Pioneira na proibição do fumo em todos os lugares públicos, inclusive bares, a prefeitura também investiu contra a gordura trans nos restaurantes. Planos para o futuro: regular manifestações no Central Park, distribuir preservativos subvencionados e, numa contribuição ao combate ao aquecimento global, instituir a adoção de lâmpadas fluorescentes na casa toda. Para os taxistas, também vem mais coisa por aí. Está nos projetos do prefeito converter todos os táxis ao sistema flex.