Uma onda de fúria contra romenos e ciganos na Itália
Andreas Solaro/AFP |
Em Roma: contra a imigração |
A União Européia tem por princípio a livre circulação de mercadorias e pessoas entre os estados-membros. Difícil é harmonizar conceito tão generoso com xenofobia e oportunismo político. Há duas semanas, a Itália vive um surto antiimigrante. O problema começou em 30 de outubro, quando uma italiana foi espancada até a morte em Roma. O homem acusado pelo assassinato é romeno e cigano. O crime horrível provocou reação histérica não apenas contra os ciganos, mas contra todos os romenos, que representam 15% dos estrangeiros na Itália. Vários políticos ajudaram a esquentar os ânimos com declarações populistas. Gianfranco Fini, do antigo partido neofascista, ressuscitou velhas acusações aos ciganos, como a de roubar crianças. Os prefeitos de Roma e Milão mandaram demolir os barracos onde eles viviam. Três romenos foram atacados a facadas em um subúrbio da capital. No domingo, torcedores da Lazio (sempre eles) xingaram o atacante romeno da Fiorentina, Adrian Mutu. Para completar, o governo autorizou, por decreto, os prefeitos a expulsar cidadãos de outros países da União Européia. Em menos de um dia, vinte foram deportados. O aspecto mais chocante do texto é citar abertamente os romenos como propensos ao crime (por sinal, acusação desmentida pelas estatísticas policiais). Os presidentes da Itália e da Romênia tiveram de se encontrar, às pressas, para aplacar a crise. No momento, vista das colinas romanas, a nova Europa se parece bastante com a velha Europa.