Monica Weinberg
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Uma nova pesquisa mostra que apenas 30% das pessoas têm o hábito de usar protetor solar no Brasil. Destas, quase nenhuma aplica a porção mínima indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os dados, revelados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, são preocupantes. A ciência já comprovou, há décadas, que nada é mais eficiente na prevenção contra o câncer de pele do que um bom protetor solar. Mesmo assim, muita gente "tem preguiça" de usá-lo, como mostra o levantamento. Especialistas ouvidos por VEJA desbravaram o mundo dos protetores com o objetivo de responder a perguntas simples, porém básicas, sobre o assunto. A seguir, eles ensinam a escolher um protetor solar com base na cor e no tipo de pele e a aplicar sobre ela a dose certa do produto. São todas sugestões fáceis – e de bom efeito. Eis a lista de recomendações:
1 Fator 15 ou 60?
O que dizem os especialistas: depende da tonalidade da pele e de como ela reage ao sol. As seis variações mais comuns estão situadas numa escala concebida, em 1975, pelo dermatologista americano Thomas Fitzpatrick, da Universidade Harvard. Ela informa qual é o fator de proteção ideal contra os raios ultravioleta do sol em cada caso (veja o teste completo). A classificação:
PELES "MUITO BRANCAS" E "BRANCAS"
Reação ao sol: queimam-se com facilidade e quase nunca se bronzeiam
Fator de proteção indicado: 60
Comentário: dos seis tipos de pele, são os dois mais sensíveis – e, por isso, pedem o maior fator de proteção disponível, capaz de bloquear 98,5% dos raios ultravioleta
PELES "LIGEIRAMENTE MORENAS" E "MORENAS"
Reação ao sol: queimam-se com razoável facilidade e costumam ficar bronzeadas
Fator de proteção indicado: 30
Comentário: o fator 30, que filtra 96% dos raios ultravioleta, é suficiente nesse caso porque a pele já conta com alguma proteção natural
PELES "MUITO MORENAS" E "NEGRAS"
Reação ao sol: raramente se queimam e sempre ficam bronzeadas
Fator de proteção indicado: 15
Comentário: fator mínimo de proteção solar recomendado para qualquer pessoa, esse é o bastante para os dois tipos de pele em questão. Impede o contato de 87% dos raios ultravioleta com a pele
2 Bloqueador ou protetor?
O que dizem os especialistas: para tomar uma decisão, é preciso, de novo, situar-se na escala do professor Fitzpatrick
PELES MAIS CLARAS E SENSÍVEIS AO SOL
(incluindo as de crianças em geral)
As pessoas que têm duas das tonalidades de pele mais claras na classificação Fitzpatrick certamente estão mais protegidas com o bloqueador porque, além de neutralizar o impacto dos raios ultravioleta, ele previne o contato com outros raios solares, como os infravermelhos. Esses também podem provocar queimaduras nas peles mais suscetíveis ao sol
OUTRAS TONALIDADES DE PELE
Os especialistas reuniram evidências para afirmar que elas não precisam da blindagem contra outros raios, além dos dois ultravioleta – UVA e UVB. Há produtos que vêm com apenas um deles, mas os que têm a dupla proteção são os mais eficientes
3 Gel ou creme?
O que dizem os especialistas: a escolha deve considerar
se a pele é oleosa, mista ou seca
PELES OLEOSAS
Os protetores sob a forma de gel são os mais indicados nesse caso. Isso porque, ao contrário dos cremes, não formam uma película protetora – o que traria ainda mais oleosidade à pele. Outra sugestão dos especialistas é optar pelos "não-comedogênicos", nome dado aos protetores cuja fórmula substitui óleo por água. A embalagem do produto sempre informa se ele possui tal característica
PELES MISTAS E SECAS
É melhor optar pelos cremes, porque vêm sempre com hidratante – ao contrário do gel. É justamente esse hidratante o responsável pela formação de uma camada protetora extra sobre a pele. Sem ela, afirmam os especialistas, as peles secas e mistas ficam mais vulneráveis ao sol
4 A dose certa
O que dizem os especialistas: pessoas de todas as idades e com qualquer tipo de pele devem passar protetor solar no rosto e no corpo todos os dias, estando elas na praia ou sob uma chuva de inverno – espécie de mantra dos dermatologistas. O que varia é a assiduidade. Existe um método caseiro para aferir a regularidade do uso de protetor solar. O passo- a-passo:
• Expor o braço ao sol sem nenhuma proteção
• Contar no relógio o tempo que levou para ele apresentar alguma vermelhidão
• Multiplicar pelo fator do protetor solar que mais usa
Conclusão: uma pele que se torna vermelha em cinco minutos e é protegida com fator 30 precisa de nova camada de protetor a cada 150 minutos – ou a cada duas horas e meia. Essa é a regularidade indicada para a maioria das pessoas
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Boas práticas • Espalhar no corpo e no rosto algo como 30 mililitros de protetor solar. Menos do que isso será insuficiente • Usar a palma das mãos, e não os dedos, para aplicar o creme. Ele fica mais regular – e, por essa razão, previne manchas • Passar uma nova camada depois do contato com a água • Não deixar de incluir orelhas, pés e pescoço – são áreas sensíveis, mas freqüentemente negligenciadas • Usar sempre boné. De saída, ele confere proteção equivalente ao fator 7 para o rosto e 5 para o pescoço |
Lailson Santos | A fisioterapeuta Glaucy de Freitas, 29 anos, é obsessiva com relação ao uso de protetores solares: "Se a ciência criou algo tão simples para retardar o envelhecimento e prevenir doenças, eu me sinto no dever de usar" |
A escolha dos especialistas
Seis deles foram consultados sobre a mesma questão: selecionar protetores solares que promovem mais benefícios a mais gente. Ao final, chegaram às duas indicações ao lado – uma para adultos, outra para crianças. Eles justificam a escolha:
PARA ADULTOS ANSOLAR DAILY USE | Fotos divulgação |
PARA CRIANÇAS ANTHELIOS HÉLIOBLOCK DERMO-PEDIATRICS |
* Preço médio
Especialistas consultados: Meire Brasil Parada (da Unifesp),
Maria Tereza Tieppo (da Sociedade Brasileira de Dermatologia),
Estrela Machado (do Centro Paulista de Medicina Cutânea),
Ligia Kogos (da Sociedade Brasileira de Medicina Estética),
Eugênio Pimentel (do Hospital das Clínicas), Renato Ramani (da Unifesp) e
Celso Cukier (do Instituto de Metabolismo e Nutrição)