Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 18, 2007

ELIANE CANTANHÊDE

"Recall" ético
BRASÍLIA - Um estranho espectro ronda o PT, sem que as pessoas, e até mesmo os entendidos, estejam se dando devidamente conta.
Quem fala sobre as eleições no partido, em 2 de dezembro (primeiro turno), dá de barato que o atual presidente, Ricardo Berzoini, já está reeleito, com folga. Pode até ser, mas política e eleições não são cartesianos, não se fazem com números, ou, pelo menos, não se resumem a somas aritméticas.
A virtual vitória de Berzoini corresponde à derrota do deputado José Eduardo Cardozo, mas o mesmo José Eduardo Cardozo tem arregimentado apoios respeitáveis, em duplo (e bom) sentido.
Estão com o "perdedor" os ministros Tarso Genro (da Justiça, ex-coordenador político), Fernando Haddad (Educação, com boa imagem na opinião pública), Paulo Vanucchi (de direitos humanos, área sensível para a militância petista), e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário, idem).
E três dos quatro governadores petistas: Jaques Wagner (BA), Marcelo Déda (SE) e Ana Júlia Carepa (PA), ficando de fora apenas Wellington Dias (PI). Sem contar os prefeitos de capitais João Paulo (Recife), Luizianne Lins (Fortaleza) e João Cozer (Vitória).
E tem mais: trunfos do PT na academia, como Marilena Chaui, Maria da Conceição Tavares, Maria Victória Benevides e Paul Singer. Você acha pouco? Eu não acho.
São nomes e posições bem expressivos. Se não forem capazes de dar a vitória dos números à candidatura alternativa, certamente serão de dar densidade política a ela, com um recado importante para o governo, a cúpula partidária e, especialmente, a sofrida militância petista, tonta com tantos solavancos na chegada do partido ao poder.
Há vitórias e vitórias. Umas têm quantidade, outras, qualidade. A médio e a longo prazos, os efeitos podem ser formidáveis. O PT anda carente de efeitos formidáveis.

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