JB
A 17a Cúpula Ibero-Americana, embora tenha resultado em espalhafatoso fracasso, foi grandiloqüente e decisiva, graças à façanhosa e oportuna intervenção do Rei Juan Carlos I de Espanha. Ao mandar o cacique Hugo Chávez calar a boca, Sua Majestade, um homem sisudo e respeitado por méritos e atributos pessoais, intensificou a atenção da mídia internacional para o evento e expôs aos olhos do mundo, com extrema clareza, as falhas de caráter do caricato muruxaua venezuelano.
"Por que não te calas?" — disparada por um rei, dedo em riste apontado para a carranca de Hugo Chávez — era a frase que andava engasgada nas gargantas daqueles que almejam dar um basta definitivo à subdesenvolvida tendência latino-americana de germinar essa praga de farsescos morubixabas com manes mussolinistas, tanto de direita como de esquerda, que há séculos atormentam nossas latitudes.
Devemos muito ao monarca espanhol. Simbolicamente, Sua Majestade baixou uma carta régia que torna público o amoralismo político de Hugo Chávez, que lhe documenta a indignidade e lhe oficializa a torpeza. Ninguém mais pode dizer que não sabia: o curaca veio de Caracas com truculência de agressor e cupidez de bandoleiro. Todos puderam testemunhar que Hugo Chávez é um bugre vulgar e grosseiro com perigosas fantasias de grandeza.
Para o estrabismo ideológico de Chávez, quem não for socialista será, necessariamente, fascista. No entanto, o patife é, ele mesmo, por definição, o fascista típico. Ninguém mais que ele poderia ser tão imperialista, antiliberal e antidemocrático; ninguém mais que ele deseja a prevalência do estado sobre as liberdades individuais; ninguém mais que ele ambiciona um governo autocrático, centralizado na figura do ditador; ninguém mais que ele acalenta a ambição de expandir poder sobre a América do Sul; ninguém mais que ele representa, hoje em dia, com todas as letras, o ignóbil modelo socialista, um regime igualmente incompatível com os ideais de uma república democrática; um sistema que, por instinto de sobrevivência, também se nutre de arbitrariedades.
Sem dúvida, estamos, mais uma vez, diante da confirmação de todo um passado histórico de fracassadas tentativas de imposição desse regime hediondo à humanidade; trata-se de outra evidência cristalina de que o socialismo e o fascismo diferem tão-somente nas minudências. O socialismo, tal qual o fascismo precisa comandar a mente das pessoas; deixar o povo pensar é um risco inaceitável. Para tanto, é necessário o controle rígido do sistema de comunicações, da estrutura educacional e da atividade social, de modo a obstruir eficazmente qualquer fonte exógena de conhecimento. É o que tenciona Chávez; e quando vemos um documento oficial do Ministério do Planejamento da Venezuela expressar a proposta de apoiar ''movimentos alternativos'' na América Latina, torna-se bom alvitre pôr as barbas de molho.
Chávez, bem o sabemos, jamais se pautou pelas regras mais elementares da diplomacia que dispõem sobre uma civilizada convivência política. Seus rompantes de violência raiam pela selvageria. Ao nos brandir o mote dantesco de “socialismo ou morte”, o canalha se enfurece ainda mais, porque, no fundo, ele sabe que a maioria dos homens de bem, amantes da liberdade, defensores da democracia, há de preferir a morte ao padecimento desesperançado sob o tacão da primazia do estado.
Espantam-nos a cara-de-pau de Chávez em exigir desculpas do Rei e a imbecilidade mórbida de Lula da Silva que ainda enxerga democracia na Venezuela. Urge que alguém ensine ao nosso desnorteado presidente quão democrática foi a ascensão de Adolf Hitler ao poder no Terceiro Reich eleito pelo voto popular; depois, foi o que se viu.
Juan Carlos I já assegurou lugar de destaque nos anais da saga humana. Foi ele quem liderou a transição pacífica do regime franquista para a democracia em seu país. O destino de Hugo Chávez certamente será o mesmo de tantos outros caudilhos de republiqueta que se perdem no lixo da História.