A locomotiva americana continua poderosa e ativa, mas já não é a única máquina a puxar o trem global. A nova força são os emergentes e é possível que o Brasil também esteja incluído nesse grupo.
Esta coluna tratou do assunto nos dias 26 e 28 de setembro (A crise mudou de lado e A vez dos emergentes). Foram dois textos contestados por alguns críticos. Para eles, as estatísticas que tratam do progresso dos emergentes asiáticos, especialmente da China, não são confiáveis a ponto de garantirem qualidade e solidez do processo. Em outras palavras, o crescimento econômico dos emergentes não é sustentável - afirmam eles.
Coincidentemente, na edição do dia 27, a revista The Economist fez observações no mesmo sentido: "Graças à China, a recessão dos Estados Unidos não arrastará o resto do mundo para a crise." E lá ficou dito ainda que, "na primeira metade de 2007, o aumento do consumo na China e na Índia, combinadamente, contribuiu mais para o crescimento do PIB global do que o aumento do PIB dos Estados Unidos".
Isso equivale a dizer que, no momento, a saúde econômica do mundo depende mais do bom estado dos pulmões dos países emergentes do que dos pulmões dos Estados Unidos.
No livro que acaba de ser editado (A era da turbulência), o ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) Alan Greenspan reconhece que o mundo mudou drasticamente. Ele parte do fato de que os países asiáticos poupam substancialmente mais do que os países ricos. Na medida em que parcelas crescentes do PIB mundial se deslocaram para os países asiáticos, a poupança mundial cresceu muito mais do que o volume de ativos em que ela pudesse ser aplicada.
E isso vai mudando muita coisa. Derrubou a inflação e os juros e, como as aplicações seguras de renda fixa apresentam retorno cada vez mais baixo, deixou o mercado financeiro mais propenso às aplicações de risco. Por isso o investimento estrangeiro direto (IED) procura os emergentes com avidez.
Se esse jogo de forças é sustentável ou não a longo prazo é uma boa questão e uma boa aposta. Os céticos de sempre, mais baseados no pressuposto de que "o que é bom dura pouco" do que em análises seguras, entendem que mais dia menos dia "tudo voltará ao normal". Greenspan também adverte que "nenhuma dessas forças tende a ser permanente".
Nada indica que, nos próximos três ou quatro anos, essa arrumação global baseada no aumento do peso dos países emergentes se desfará, deixando o resto do mundo ao deus-dará.
E, se dá para contar com pelo menos mais cinco anos de demanda firme por alimentos, energia e commodities metálicas por parte da China, a economia do Brasil deverá continuar a tirar proveito da conjuntura externa favorável.
Seria um tempo que daria excelentes condições para o Brasil arrumar sua casa: reformas tributária, trabalhista, da Previdência e do Judiciário.
O diabo é que, lá em Brasília, a cada dia as autoridades passam sinais cada vez mais claros de que, para o governo Lula, as reformas já não são tão necessárias. Se não quer consertar o telhado no tempo da estiagem, terá de fazê-lo na chuva, quando as goteiras ficarem insuportáveis.
Entrevista:O Estado inteligente
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