Renan Calheiros articula para tentar evitar
a cassação, mas o cerco cresce ainda mais
Otávio Cabral
Beto Barata/AE |
Licenciado da presidência do Senado, Renan submerge para tentar manter o mandato |
O Senado funcionou na semana passada com uma eficiência que não se via desde o início da crise envolvendo o presidente licenciado, Renan Calheiros. Com seu afastamento, a pauta foi destrancada e projetos cruciais, como a ampliação da licença-maternidade e a criação de regras para a fidelidade partidária, foram aprovados. Até a discussão da polêmica recriação da CPMF, que gera um legítimo embate entre governo e oposição, produziu resultados. Identificado como o responsável pela paralisação do Congresso, Renan Calheiros desapareceu. Ele sumiu do Senado, não deu entrevistas, não saiu de casa. Na quarta-feira, chegou a agendar um almoço com a bancada do PMDB, mas foi aconselhado a evitar aparições públicas. Renan, agora, finge-se de morto para tentar sobreviver. Sitiado por cinco processos de quebra do decoro parlamentar, o senador sabe que não tem mais condições de voltar a presidir o Congresso, cargo interinamente ocupado pelo vice Tião Viana. Sua estratégia é submergir o tempo necessário para tentar salvar o mandato, uma tarefa improvável.
Na segunda-feira passada, a Mesa Diretora do Senado autorizou a abertura no Conselho de Ética de um novo processo para apurar a tentativa de espionagem de um assessor de Renan contra dois senadores da oposição. Na quinta-feira, o PSOL entrou com outra representação contra o peemedebista, baseada em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelando que Renan apresentou uma emenda orçamentária para uma empresa-fantasma, de propriedade de um ex-assessor, para supostamente realizar obras em Murici, cidade administrada por seu filho, Renanzinho. Além disso, os senadores marcaram a data para o encerramento de dois outros processos em que o senador é acusado de irregularidades – usar laranjas para comprar emissoras de rádio e ter feito lobby em favor de uma cervejaria. Com o cerco crescendo, Renan usa suas últimas fichas.
André Dusek/AE |
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