As previsões agora do FMI e outras instituições é de que o PIB não crescerá 5,2%, como se previa em março, mas 4,8%. Um bom resultado, considerando que a economia mundial vem se mantendo em alta há mais de seis anos, sem inflação e com juros baixos.
BRASIL APROVEITA
Enquanto isso, a economia brasileira segue o rumo positivo mundial, num cenário interno e externo nunca visto no País. Se há mérito, é o de ter deixado tudo como estava, não se ter mexido em nada e não se ter criado mais problemas para o setor privado, que produz. Com ou sem crise, vamos crescer 5% porque a economia mundial vai bem.
ESTADOS UNIDOS, TUDO BEM
O fato mais significativo da semana foi a divulgação, na sexta-feira, de dados positivos sobre a economia americana, que mostram um mercado interno ainda forte e sustentado.
1) O déficit comercial em setembro recuou 2,4%, por causa da desvalorização do dólar e, principalmente, às exportações de produtos industriais, de quase US$ 1 bilhão. São produções que ocupam intensivamente mão-de-obra e geram renda.
2) As vendas a varejo aumentaram 0,6%, enquanto a inflação registrou uma alta ínfima, 0,1%. Se for preciso há espaço para baixar ainda mais os juros.
3) O nível de emprego continua aumentando há 49 meses, a arrecadação também, provocando redução do déficit fiscal. Ou seja, está sendo desarmada a armadilha dos dois déficits que há anos preocupa tanto.
MERCADO ACEITA
Mas qual é o significado desses desempenhos americanos para a economia mundial e o Brasil? Primeiro, revelam que os países importadores estão em condições de absorver volumes crescentes de produtos americanos. Segundo, que a economia americana vai continuar se expandindo, em decorrência dessas exportações, gerando mais renda num mercado interno que representa 70% do PIB.
E NÓS?
Vamos bem, mas poderíamos estar indo melhor. As estatísticas do Ministério de Desenvolvimento revelam que as nossas exportações para os EUA crescem. E principalmente de produtos industrializados. Elas cresceram 8,8% no ano passado e, neste ano, num ritmo ainda menor.
Mais significativa, entre janeiro e agosto deste ano, a exportação média diária para a União Européia aumentou 26,2%; para a China, 28,1%; e para os EUA, apenas 1%. É oficial.
PESAMOS POUCOS
Pode-se argumentar que nossas exportações para os EUA se retraíram porque eles cresceram menos, mas aumentaram para os países europeus, asiáticos e a China, que estão crescendo mais. Correto na aparência, errado na realidade. Isso porque nossas vendas para o mercado americano não passaram de US$ 16,3 bilhões. Sim, apenas isso, num mercado que importava US$ 2 trilhões por ano e, neste ano, deve importar algo em torno de US$ 1,7 trilhão.
ESPAÇO ENORME
Como se vê, temos ainda espaço enorme num mercado importador que, mesmo em retração, ainda é imenso para nós. Vocês têm paciência para só mais alguns números? No ano passado, os EUA representavam 18,2% das nossas vendas externas e neste, 16%.
Isto é, podemos aproveitar mais esse mercado, que nos está sendo rapidamente roubado pela China com seus produtos industrializados, importantes para nós, que nos sustentamos nos produtos primários, pouco geradores de emprego.
A CRISE NÃO É DESCULPA
A conclusão é que a crise imobiliária não está provocando uma retração mais séria do crescimento econômico mundial e não pode, portanto, servir de desculpa pelo desempenho apenas regular do nosso comércio exterior. Os EUA estão crescendo menos, mas 2% sobre US$ 13 trilhões ainda é muito; a Europa sustenta os níveis dos dois primeiros trimestres e a China continua a flertar com 11%.
Criem-se condições internas para um aumento nos investimentos produtivos e não haverá escassez de produtos para conquistar um mercado externo ainda vigoroso, sem "crises". Podemos crescer muito nesse mercado sem incomodar ninguém, simplesmente porque não pesamos nada, um pouco mais de 1%. Só com o apoio do mercado externo iremos sustentar a taxa de crescimento econômico atual. Não devemos aceitar nada menos que 5%.