O Estado de S. Paulo |
18/10/2007 |
O preço do petróleo ontem, a US$ 88,40, despertou uma série de interpretações e assustou as bolsas, que recuaram; ontem, era grande o temor de uma retração econômica mais forte, com previsões de um PIB americano em 1,9%, e, conseqüentemente, queda dos lucros das empresas com ações na bolsa. Além disso, eram evidentes os sinais de que haverá uma retração dos consumidores agora no inverno, onerados pelo óleo usado no aquecimento interno. Estamos diante de um duplo efeito perverso: redução do consumo e, paradoxalmente, pressão inflacionária vinda do petróleo, o que pode levar os bancos centrais a elevar a taxa de juros, a última coisa que a economia mundial hoje precisa. ESTAVA PREVISTO Já se previa o barril de petróleo a US$ 90 e repercussão nos preços. Esta coluna já havia apontado em setembro que o preço não ficaria em US$ 80, por nós considerado o novo piso. TEMOS DE CRESCER Os países emergentes menos desenvolvidos e importadores de petróleo é que serão prejudicados; suas economias têm menor resistência e já vêm enfrentando inflações entre 5% e 6,5%. Isso deve levar os bancos centrais mais responsáveis a aumentar a taxa de juros, contendo o crescimento. Nos países emergentes isso terá conseqüências danosas. Estes, sim, é que pagarão o preço de um petróleo a US$ 90 ou mais. O QUE ESTÁ ACONTECENDO? Nesta semana, surgiram muitas interpretações. Uma dizia que a causa é o excesso do consumo provocado pelo crescimento econômico, principalmente nos países emergentes - China, Índia e Brasil; outra negava essa tese (“não, é redução da oferta de petróleo no mercado”) e uma terceira corrente, que inclui a Opep, se defendia (“a culpada é a especulação no mercado futuro do petróleo”). No fundo, os fatos se somam, não se anulam. É aumento de consumo dos países importadores, associado a uma restrição na oferta, pois a Opep está prometendo mais 500 mil barris por dia, mas só em novembro. NADA SE PODE FAZER E o que se faz para contornar isso? Nada. É que há pouco a fazer por enquanto. Está faltando petróleo no mercado, afirma a Agência Internacional de Energia, que acompanha o mercado para os países consumidores, e só uma oferta maior da Opep pode conter a escalada vertiginosa dos preços. A solução de menos crescimento dos países emergentes não é satisfatória, porque somente agora eles estão crescendo, e são eles, neste momento difícil, que estão sustentando o aumento do PIB mundial. A OPEP JÁ DISSE NÃO Resta o terceiro fator, o aumento da oferta. Mas, ontem, o secretário-geral da Opep, Abdalla Salem El-Badri, declarou que eles, os países produtores, não pensam em oferecer mais petróleo no mercado e acusou os especuladores pelo preço de US$ 88, para a Opep, disse ele, “indesejável” e “insustentável”. E A TURQUIA? E a especulação? Os ataques da Turquia no norte do Iraque não estariam na origem dessa especulação? Vamos aos fatos. Primeiro, esses ataques não justificam toda essa alta; a região produz hoje pouco petróleo e o oleoduto que corre por lá passou a operar só esporadicamente após o início da guerra. Os 2 milhões de barris por dia do Iraque continuam saindo pelos oleodutos que levam ao Golfo Pérsico e, apesar das tensões, os riscos estão contidos, porque a grande ameaça, o Irã, escoa por ali os seus 3,9 milhões de barris por dia. Se bloquear o golfo, bloqueia o seu petróleo, e eles podem ser fanáticos, mas não loucos. Não é só choque de demanda (maior consumo) ou de oferta (menos petróleo); são ambos. A solução é a Opep oferecer mais petróleo para ajudar o mundo a crescer, o que vai beneficiar também os países produtores. Mas parece que não olham o futuro, só o presente. E talvez também tenham em alguns anos outra surpresa maior do que esta do etanol e do biodiesel. BRASIL TAMBÉM Neste cenário, o Brasil tem uma condição mais favorável, pois tem produção suficiente para atender à demanda interna, embora seja obrigado a importar petróleo leve, apto para suas refinarias, e exportar o pesado. Conta a nosso favor a valorização do real, que permite à Petrobrás não repassar o aumento dos preços ao consumidor. E temos, ainda, o crescente uso do etanol e do biodiesel, mas que substituem apenas dois derivados do petróleo. Neste novo choque do petróleo, o Brasil está menos exposto, mas não imune ao brutal aumento do preço, que, dependendo até onde chegue, nos afetará, porque também afetará a economia mundial. Mas até quanto poderá ir o preço do petróleo? Ninguém sabe. Sabemos, apenas, que US$ 90 não é o limite. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, outubro 18, 2007
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