O Estado de S. Paulo |
11/10/2007 |
Sucesso total na privatização de estradas federais. Foram comprometidos quase R$ 20 bilhões em investimentos externos nas concessões e os espanhóis foram os grandes vencedores. O governo anuncia que é só o começo, façam fila, senhores, que vêm mais privatizações por aí. Afinal, admitem em Brasília, nenhum investidor estrangeiro vai colocar uma estrada debaixo do braço e levá-la para casa, como ninguém pensa em empacotar uma usina siderúrgica ou as barragens de uma hidréletrica e levar embora... Para Lula, foi um sucesso simplesmente espetacular. Por que não dizer, estupendo, presidente, e confessar que ninguém no governo esperava por essa fome dos estrangeiros, até agora tão odiados e, por isso mesmo, arredios em investir no Brasil? Só nós não acreditávamos nisso. Mas o êxito desse leilão tem um significado bem mais profundo que, esperamos, possa representar a conversão de Lula à privatização. Afinal, não há vergonha alguma em corrigir o passado quando o novo caminho é o correto. Brasília acordou do sono de mais de cinco anos e descobriu que as multinacionais querem investir. Eles têm o dinheiro que precisamos e nós temos as oportunidades que eles procuram. Com esse leilão está provado que é só o governo sair do caminho e deixar que outros invistam onde o Estado não tem reais para investir. Na verdade, não investia nem deixava ninguém investir, num monopólio cavernoso e inútil. Um delírio assombroso... Esta coluna é radicalmente contra todos os monopólios, sejam eles do Estado ou do setor privado, pois distorcem as regras da oferta e da demanda do mercado e favorecem apenas alguns em detrimento de todos. Elas, as multinacionais, vão sair ganhando em renda, mas nós ganharemos também em serviços que não temos ou estão se deteriorando. Eles entram com dinheiro; nós, com projetos vitais para continuar crescendo, finalmente, a 5% ao ano. Seria só o começo? PARECE QUE SIM Tudo indica que o governo está mesmo apenas iniciando. Na terça-feira, o Globo divulgou dados oficiais do Comitê Gestor do PAC prevendo que há leilões já programados para este ano e o próximo no valor de R$ 48 bilhões, dos quais R$ 22,4 bilhões até dezembro. São obras de construção de 2.600 quilômetros de rodovias, 6 terminais de aeroportos, 1 ferrovia, 1 usina hidrelétrica (ainda pouco para afastar o risco do racionamento), 17 linhas de transmissão, 6 portos, 1 projeto de irrigação. Tudo isso neste e no próximo ano! HÁ US$ 1,4 TRILHÃO LÁ FORA! Há muito dinheiro lá fora à nossa espera, mas muito, muito mesmo. Querem saber quanto? O último levantamento feito pela Conferência da ONU para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) concluiu que as multinacionais por ela consultada pretendiam investir, somente este ano, US$ 1,4 trilhão! E sabe quanto nós estamos recebendo, este ano, quando parece que nos abrimos para o mundo? Algo em torno de US$ 32 bilhões, que o governo considera muito, mas é pouco diante do nosso potencial e da necessidade de atrair ainda mais investimentos. Como lembrou outro dia um empresário estrangeiro ao Estado, "temos dinheiro, mas vocês ainda não têm projetos!" Não estamos mais mendigando dinheiro, eles é que nos procuram! É só o governo não atrapalhar, presidente. CHINA COMPRA AEROPORTO... E vocês se lembram da China que recebeu, só no ano passado, US$ 72 bilhões? Pois o seu governo confirmou, nesta semana, que está investindo no exterior uma boa parte do fundo oficial de US$ 200 bilhões extraído de suas reservas. Busca projetos que interessem a eles e aos países receptores. E tem mais! Essa mesma China anunciou também que está comprando um aeroporto na Alemanha, ao lado do qual vai instalar uma fábrica que produzirá, 24 horas por dia, produtos "made in Germany"e não mais "made in China". Assim, passarão a ter todos os benefícios tributários e fiscais oferecidos pela União Européia num mercado consumidor de 500 milhões de habitantes! Espertos? Não, pragmáticos. Apenas sabem aproveitar a opotunidade que os europeus ofereceram a quem quiser... E nós? Por que não? E NÓS? Nós estamos aguardando, ainda sonolentos, que o presidente chinês cumpra a promessa feita em Brasília de investir no Brasil em troca do seu reconhecimento como economia de mercado. Até agora, muito pouco, quase nada. Não nos interessa procurar saber de quem é a culpa, deles ou nossa. O que precisamos é identificar e corrigir as falhas. E corrigir imediatamente para atrair parte dos bilhões de dólares chineses. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, outubro 11, 2007
Alberto Tamer - É a nova era da privatização?
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