Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 14, 2007

VEJA Carta ao leitor


Vocação para o gol

Eraldo Peres/Photo Agência
Petry e Junior: troca de guarda em Brasília

Policarpo Junior, que assume a chefia da sucursal de Brasília a partir desta semana, é um dos jornalistas mais felizes naquela especialidade mágica do jornalismo que no futebol equivale ao gol. Fala-se aqui do furo, a obtenção da informação exclusiva e relevante que muda o rumo da vida política nacional. Aliás, Junior, 42 anos, casado, pai de três filhos, queria mesmo era ser jogador de futebol. Isso foi antes de se decidir pelo jornalismo, carreira que começou no rádio, com breve passagem pela televisão, até vir para VEJA em 1989. Até hoje, de vez em quando, Junior lamenta não ter seguido a carreira nos gramados. Garante que, com a explosão dos preços dos passes dos craques, hoje estaria rico. Nenhum amigo acredita.

No campo do jornalismo, Junior marcou tantos golaços que é difícil fazer um retrospecto. Foi dele a reportagem que, em 1993, derrubou toda a Comissão de Orçamento e provocou um terremoto que varreu os parlamentares corruptos reunidos sob a alcunha adequada de "Anões do Orçamento". No governo de Fernando Henrique Cardoso, Junior levantou os fatos do "Caso Marka", em que banqueiros de investimento obtiveram informação privilegiada sobre a desvalorização do real. Mais tarde, revelaria que a Abin de FHC bisbilhotava a vida de adversários políticos. No governo Lula seu primeiro grande tento foi a reportagem-resumo da corrupção oficial, aquela em que um alto funcionário dos Correios aparece em uma fita de vídeo embolsando uma propina. É também de Policarpo Junior a entrevista gravada em que um militante revela como transportou dólares vindos de Cuba para a campanha petista em 2002. O "Renangate" começou há seis semanas com uma reportagem de Junior sobre as relações de Renan Calheiros com um lobista.

Junior substitui um profissional extraordinário, André Petry, 45 anos, cinco filhos. Gaúcho de Arroio Grande, Petry, exceto por um curto intervalo, está em VEJA desde 1990. Como editor de Política em São Paulo, coordenou as apurações que levariam ao impeachment do presidente Fernando Collor. Petry, uma encarnação do bom senso, chefia a sucursal de Brasília há dez anos. Enquanto se prepara para vôos mais altos e continua escrevendo sua coluna em VEJA, será editor especial da revista.

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