O Globo |
18/7/2007 |
Enquanto a oposição, especialmente o DEM, curte o momento que aparentemente é de baixa para o presidente Lula depois das vaias da abertura do Pan no Rio, o governo prossegue na estratégia de manter unida sua base aliada e se desdobra para manter o PMDB dentro dela integralmente, mesmo que para isso tenha que engolir alguns sapos, como o relatório do deputado Eduardo Cunha sobre a CPMF, receita fundamental para o governo que o PMDB do Rio negocia em troca de cargos, especialmente da nomeação do ex-prefeito Luiz Paulo Conde para Furnas. Essa espécie de chantagem política será difícil de desarmar, pois, mesmo se o governo ceder às imposições dessa parcela do PMDB, as oposições já tomaram conta dessa bandeira de redução da CPMF. O DEM está disposto a liderar uma campanha pelo fim da CPMF, o que seria fatal para o governo. O PSDB pretende adaptar essa proposta radical dos democratas e propor a redução gradativa da CPMF. De qualquer maneira, o governo corre o risco de sofrer algum dano devido a essa manobra de parte do seu maior aliado político, que hoje é o PMDB. Mas também a cúpula do PMDB dá demonstrações de que pretende permanecer como parte fundamental da coalizão governamental. Dois movimentos quase simultâneos indicam bem a importância, tanto para o PT quanto para o PMDB, da manutenção da aliança política que os une no momento, na expectativa de que nem mesmo a sucessão presidencial venha a separá-los, uma meta a ser tentada, mesmo tratando-se de hipótese altamente improvável. O governador do Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral, deixou de lado a aliança tática que mantinha com o prefeito da capital, o democrata Cesar Maia, para assumir a defesa do presidente Lula no episódio das vaias na abertura do Pan. Na outra ponta, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, saiu em defesa aberta do presidente do Senado, o peemedebista Renan Calheiros, justamente quando se previa que o governo federal afrouxaria os laços que o unem a Calheiros para não ser contaminado ainda mais pelo desgaste que a defesa de seu principal aliado no Senado já está causando. Essa defesa é vista, em diversas análises mesmo dentro do Palácio do Planalto, como uma das razões, se não a principal, das vaias que o presidente recebeu no Rio, embora a teoria da conspiração que culpa o prefeito Cesar Maia e sua máquina administrativa seja muito do gosto petista. É previsível que o próprio presidente Lula não faça mais nenhum gesto público de defesa de Calheiros, e é provável que, mesmo com as declarações de Berzoini, o PT não participe de manobra nova para postergar decisões sobre o caso. É certo que o PT não ajudará as oposições a retirar Calheiros da presidência do Senado, mas também não se empenhará para mantê-lo se ficar claro que sua capacidade de resistir chegou ao fim. Mas a defesa pública neste momento, em que mesmo dentro do PMDB o presidente do Senado já perde espaço político, era necessária para sinalizar para os parceiros que a coalizão política é importante e está acima dos eventuais percalços do caminho. Um aviso de que não abandona os parceiros, mas também uma sinalização de que, feitos todos os esforços, a coalizão deve continuar firme, mesmo com o eventual sacrifício de Calheiros. O governador Sérgio Cabral, por seu lado, saiu em defesa de Lula, atribuindo as vaias a uma armadilha, também para demonstrar que sua aliança preferencial continua sendo com o PT e o governo federal, enquanto a com a prefeitura do Rio é circunstancial. A posição de Sérgio Cabral é muito mais estratégica. Ele não está apenas defendendo os recursos do PAC que estão previstos para o Estado do Rio, como indicou o prefeito Cesar Maia. Na verdade, ele está jogando mais adiante, com a possibilidade de vir a ser a peça do PMDB na composição final de uma chapa para concorrer à sucessão de Lula. O governador do Rio até o momento vem contando com o apoio do governo federal na sua luta contra a criminalidade no estado. Mesmo não sendo possível contar com a presença das Forças Armadas, tem todo apoio do governo federal para o combate à criminalidade, cujo maior exemplo é o centro tecnológico instalado no Centro do Rio, no prédio da Central do Brasil, que permitirá uma atuação mais moderna da polícia. A aliança política que começou com a eleição do presidente da Câmara do PT e prosseguiu com o apoio da base aliada ao PMDB no Senado idealmente prosseguirá até a disputa da sucessão. A questão é saber quem aceitará abrir mão da cabeça de chapa. Se Lula conseguir convencer o PT, que não tem candidato forte no momento, de deixar que o PMDB indique o candidato, haverá uma chapa forte para representar o governo federal. A oposição, que aposta na divisão da base aliada e em especial na divisão do PMDB, pode ser surpreendida pela capacidade de o presidente Lula de manter seu grupo unido, com base na popularidade atestada pelas pesquisas. As vaias no Rio podem significar, como quer a oposição, o sintoma de um desgaste maior. Mas se as próximas pesquisas mostrarem que o apoio do presidente continua alto, boa parte dessa euforia oposicionista atual desaparecerá. Na coluna de ontem, atribui à ex-senadora Heloisa Helena uma votação no Rio que ela não teve. Sua votação, na verdade, foi de 17%. |
Entrevista:O Estado inteligente
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